69,2% dos casos de violência sexual contra crianças ocorreram em casa e 33,7% tiveram caráter de repetição (Foto: Arquivo Observatório do Terceiro Setor)

Via Observatório do Terceiro Setor

Entre 2011 e 2017, foram notificados 184.524 casos de violência sexual no Brasil, sendo 58.037 (31,5%) contra crianças e 83.068 (45,0%) contra adolescentes, concentrando 76,5% dos casos notificados nesses dois cursos de vida. Os dados são de um Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde em junho do ano passado. Esta edição da publicação fez uma análise da violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, no período de 2011 a 2017.

Os dados, que já causam repúdio, ficam mais assustadores quando verificamos o perfil das vítimas. A avaliação das características sociodemográficas de crianças vítimas de violência sexual mostrou que 43.034 (74,2%) eram do sexo feminino e 14.996 (25,8%) eram do sexo masculino. Do total, 51,2% estavam na faixa etária entre 1 e 5 anos, 45,5% eram da raça/cor da pele negra, e 3,3% possuíam alguma deficiência ou transtorno.

Os dados revelam como as crianças brasileiras vêm sofrendo no país. Entre as crianças do sexo feminino com notificação de violência sexual, destaca-se que 51,9% estavam na faixa etária entre 1 e 5 anos, e 42,9% estavam na faixa etária entre 6 e 9 anos. Além disso, 46,0% eram da raça/cor da pele negra, e as notificações se concentraram nas regiões Sudeste (39,9%), Sul (20,7%) e Norte (16,7%).

Entre as crianças do sexo masculino com notificação de violência sexual, destaca-se que 48,9% estavam na faixa etária entre 1 e 5 anos e 48,3% entre 6 e 9 anos, 44,2% eram da raça/cor da pele negra, e as notificações se concentraram nas regiões Sudeste (41,8%), Sul (24,6%) e Norte (12,7%).

Entre as crianças do sexo feminino, a análise das notificações de violência sexual mostrou que 33,8% tiveram caráter de repetição, a residência (71,2%) e a escola (3,7%) foram os principais locais de ocorrência, e 61,0% dos eventos foram notificados como estupro. Entre as crianças do sexo masculino, a avaliação das notificações de violência sexual mostrou que 33,2% tiveram caráter de repetição, e a residência (63,4%) e a escola (7,1%) também foram os principais locais de ocorrência.

Em números gerais, 33,7% dos eventos de violência sexual contra crianças tiveram caráter de repetição, 69,2% ocorreram na residência e 4,6% ocorreram na escola, e 62,0% foram notificados como estupro.

Comparando-se os anos de 2011 e 2017, observa-se um aumento geral de 83,0% nas notificações de violências sexuais e um aumento de 64,6% e 83,2%, respectivamente, nas notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes.

É muito importante denunciar qualquer tipo de violência contra crianças e adolescentes. O disque 100 é gratuito e sigiloso. Ligue e denuncie qualquer ato que achar estranho, choro constante de crianças ou hematomas sem justificativa plausível. Muitas crianças não conseguem falar o que estão sofrendo, seja por fatores como a idade, seja por medo, e é importante que os adultos as ajudem.

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Via: Observatório do Terceiro Setor

Por Maria Fernanda Garcia

As Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um dado assustador. Em 2015, mais de 1 bilhão de crianças no mundo sofreram violência física, psicológica ou sexual.

Outra estatística envolvendo crianças mostra que elas representam 8% das vítimas de homicídio no planeta. Para a representante especial do secretário-geral sobre Violência contra Crianças da ONU, Marta Santos Pais, mesmo com melhores leis e políticas, muitas crianças continuam sofrendo níveis dramáticos de violência, algo que precisa ser ultrapassado.

Marta Santos Pais alertou também sobre os riscos de predadores sexuais e do cyberbullying. Segundo ela, existe um número maior de crianças sendo traficadas como consequência das novas tecnologias. A representante destaca que o total de imagens online depreciando crianças cresce de forma dramática: na última década, o total de fotos na internet de abuso sexual de menores aumentou mais de 1.500%. Mais de 80% das imagens são de crianças com menos de 10 anos e várias de crianças de apenas dois anos.

Ela reconhece que a internet fornece oportunidade para as crianças aprenderem sobre seus direitos, mas é importante ensiná-las sobre o risco de se tornarem vítimas de abuso sexual ou de humilhação.

Segundo Marta Santos Pais, mais de 50 países têm leis que proíbem a violência contra menores, mas isso não é suficiente, já que menos de 10% das crianças do mundo são protegidas por lei.

Fonte: Rádio ONU