Com o objetivo de enfrentar a violência doméstica e comunitária por meio do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e do desenvolvimento emocional/afetivo e social das crianças e adolescentes, a Etapas – a partir do projeto “Mais proteção, Menos Violência” (Etapas/ KNH) – envolveu cerca de 150 meninos e meninas de duas comunidades carentes do Ibura em oficinas temáticas e lúdicas para possibilitar a construção do pensamento crítico, experimentação e as possibilidades criativas da infância.

A oficina lúdica de teatro para crianças de 6 a 11 anos facilitou – na prática – a compreensão do protagonismo de crianças e adolescentes no enfrentamento da violência doméstica e comunitária.

A oficina temática de Gênero e Sexualidade – destinada aos adolescentes de 12 a 16 anos – facilitou reflexões sobre relações abusivas entre meninos e meninas, violência entre pares, violência doméstica, a violência comunitária em forma de assédio e abuso contra ambos os sexos, e a prática da solidariedade entre meninas.  
         
O educador social do “Mais Proteção, Menos Violência”, Cristiano Ferreira, diz que as oficinas possibilitaram a percepção das crianças e adolescentes sobre o corpo “como algo que deve ser protegido e não violado”, a voz, “como uma ferramenta de potência, que deve se fazer ouvir”, a escola como um espaço de debate e acolhimento para um diálogo horizontal.

Ao final de cinco semanas da oficina de teatro, será produzido um fanzine. Segundo Cristiano, uma ideia que está sendo elaborada e amadurecida, é a de um mobilizar um grupo de meninas para discutir sobre feminismo e formas de enfrentamento ao machismo e suas ramificações. “Dá muito orgulho perceber que meninas de 12 a 16 anos estão caminhando para um empoderamento e solidariedade entre si”, avalia o educador.

Ao longo de 33 anos, a ETAPAS vem trabalhando com diversos segmentos sociais que vivem com os seus direitos violados. Entre estes estão as mulheres, principalmente, aquelas que vivem no cotidiano das periferias e bairros populares sofrendo e lutando contra a precariedade dos serviços públicos, da infraestrutura urbana, entre tantos outros problemas. Além disso, estas e outras mulheres, sofrem com a violência de gênero. Violência esta que se expressa tanto no espaço privado quanto no espaço público.

dia-2A Etapas vem apoiar, reforçar e se envolver na campanha “os 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”. Esses 16 dias, que começam em 25 de novembro – Dia Internacional Pela Não Violência Contra a Mulher – e termina em 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos – tem como objetivo chamar atenção para a violência praticada contra as mulheres, mas ao mesmo tempo reforçar a garantia dos direitos humanos.

Mesmo com os avanços observados hoje, inclusive com a Lei Maria da Penha (crida há exatos nove anos), os números de mulheres que são vítimas de violência de toda ordem (física, psicológica, etc) persiste. Diante do dado apontado pelo Mapa da Violência 2015, onde afirma que 54% das mulheres negras brasileiras estão sendo assassinadas no ambiente doméstico, a Etapas sentiu necessidade de fortalecer a luta #PelaNãoViolênciaContraMulher, facilitando o entendimento sobre o direito à vida e bem-estar das mulheres em sociedade.

Para fazer parte desta iniciativa, decidimos ouvir mulheres, jovens, adolescentes, e nossa equipe, sobre como observam a situação da violência contra a mulher no seu cotidiano, como se colocam e o que sugerem para o seu enfrentamento. As diferentes “vozes” serão apresentadas a cada dia, sejam elas individuais ou coletivas, na Fanpage da Etapas.

Representantes de organizações da sociedade civil construíram um plano de ação com a perspectiva de fortalecer a campanha Cidades Seguras para as Mulheres.

 

Com o objetivo de ampliar conhecimentos e construir estratégias para incidir de forma qualificada na gestão do orçamento público, representantes de organizações da sociedade civil cujas temáticas são voltadas para defesa e promoção do direito das mulheres participaram da oficina sobre “Incidência no Orçamento Público com foco em Gênero”, articulada pela Action Aid em parceria com a Etapas e OSC’s de Recife e Cabo de Santo Agostinho.

O facilitador do curso, André Araripe, trouxe reflexões sobre os desafios dos atores sociais em disputar recursos para efetivação das políticas públicas e enfatiza a importância de buscar informações nas ferramentas de comunicação (Diário Oficial e Portais da Transparência) para fundamentar a luta por direitos. “Tivemos um grande avanço a partir da Lei de Acesso à Informação (LAI) – sancionada em 2012 – que permite que o cidadão fiscalize a administração do patrimônio público, utilização de recursos, licitação, contratos administrativos, assim como pode acompanhar resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas no prazo de 30 dias após a implementação”, afirma.

Os participantes iconstruíram um Plano de Incidência na perspectiva de fortalecer a campanha Cidades Seguras para as Mulheres (iniciativa da Action Aid-Brasil) cujo objetivo é buscar a promoção de serviços públicos de qualidade, como transporte, iluminação pública, educação, policiamento e moradia para o público feminino.

Acesse os portais de transparência:

União: Link

Pernambuco: Link

Recife: Link

Durante os meses julho e agosto, as cerca de 40 garotas, moradoras do Ibura-Jordão, que integram o Projeto “Meninas, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania” – de parceria entre a FIJ, ETAPAS e Action Aid – participaram de oficinas de teatro com o objetivo de realizarem ações de multiplicação social em escolas municipais dos dois bairros a fim de mobilizar outros jovens através da arte e educação.

As oficinas foram divididas em dois módulos cujas atividades desenvolvidas culminaram na elaboração de uma peça teatral com temáticas voltadas ao combate da violência contra mulher, exploração sexual, racismo e drogas.  No primeiro módulo foram realizadas dinâmicas de grupos utilizando cartilhas educativas e recursos audiovisuais instigando a reflexão sobre o enfoque e vivência dos temas dentro das comunidades. No segundo, as meninas dividiram-se em três grupos para produzir e ensaiar suas apresentações, sob a direção do Coordenador de Cultura da FIJ e da Rede Reação, José Cleto.

Confira o vídeo de uma das dinâmicas:

As apresentações acontecerão durante o mês de novembro, em oito escolas do Ibura-Jordão, e, segundo José Cleto, prometem despertar o olhar crítico da plateia para o enfrentamento dos problemas sociais e cada vez mais engajar os jovens a terem voz ativa em suas comunidades. A perspectiva é atingir cerca de 500 jovens com faixa etária entre 12 e 23 anos.

Com programação diversificada e debates calorosos envolvendo a problemática da Exploração Sexual em Pernambuco e no Brasil, o Seminário realizado pela Action Aid, com apoio da ETAPAS e outras entidades parceiras inclusas no Projeto Meninas, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania, explanou o tema “Papel do Poder Público e da Sociedade Civil no Enfrentamento à Exploração Sexual”.

O Seminário aconteceu a 19 de setembro, no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), e alertou com teatralidade sobre discussões ligadas a direitos iguais entre gêneros, o combate ao trabalho infantil, a violência contra mulher e a exploração sexual, com interpretação dos sósias de Mateus e Catirina, personagens folclóricos do Estado. As cerca de 100 meninas e familiares presentes das comunidades do Ibura, Passarinho e Charneca, situadas em Recife e no Cabo de Santo Agostinho, participantes do referido Projeto, tiveram total interação com os atores e opinaram sobre os temas.

No segundo momento, formou-se uma mesa de abertura composta por representantes da Prefeitura do Recife, Action Aid, ETAPAS, Casa da Mulher do Nordeste e Centro das Mulheres do Cabo, onde foram analisadas as vertentes do tema de acordo com a ótica de cada órgão. Em seguida, a promotora de justiça, Rosimere Souto, a coordenadora do Coletivo Mulher Vida, Adriana Duarte e a representante da Rede de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Pernambuco, Inês Dias, foram convidadas para formar a mesa de debates.

Questões como o tráfico e o turismo de mulheres, a pornografia e a prostituição na infância e adolescência, foram discutidas com dados alarmantes. Segundo a coordenadora do Coletivo Mulher Vida, as pesquisas apontam que, cerca de mil meninas são abusadas anualmente no Brasil e o país é o maior exportador de crianças e mulheres para prostituição das Américas. No debate também houve o incentivo à geração de denúncias de abusos sexuais, que segundo Rosimere “Há pouca demanda de registros contra esse crime, pois as pessoas têm preconceitos com assuntos dessa natureza”. Ainda de acordo com a promotora de justiça, cerca de 85% dos abusos contra crianças e adolescentes acontecem dentro de casa com os próprios pais ou padrastos no papel de agressores, que, na maioria dos casos, acabam ficando impunes por não serem denunciados.

Para Inês Dias, o trabalho em rede é fundamental, mas a sociedade civil tem o papel de se mobilizar para auxiliar o governo no incentivo à promoção de políticas públicas e este órgão, por sua vez, tem a obrigação de promover ações de combate a tais fatores. A Secretária da Mulher na Prefeitura do Recife, Sílvia Cordeiro, citou a campanha “Direitos Iguais na Cidade”, como uma das preocupações do governo para desenvolver uma cidade segura para mulheres, que visa implantar um conjunto de propostas sobre os impactos sociais, ambientais e econômicos para o desenvolvimento da região sobre vida da população.

Na ocasião, houve o lançamento da campanha “Não Brinque Com o Meu Direito”, desenvolvida pela ActionAid para subsidiar as participantes do Projeto Meninas, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania à repassar o aprendizado através da mobilização nos ambientes de convivência.