Lideranças comunitárias ligadas à Federação Ibura Jordão (FIJ) elaboram documento com 22 propostas de estudos viários para o território

A ênfase na utilização do automóvel como principal meio de locomoção, os altos preços dos transportes coletivos e a falta de investimentos satisfatórios em infraestrutura de trânsito têm colocado em xeque a questão da mobilidade urbana nas grandes metrópoles.

De acordo com estatísticas do Departamento de Trânsito e Transportes de Pernambuco (Detran-PE), a frota de veículos cadastrados, em fevereiro de 2015, na Região Metropolitana do Recife (RMR) somam mais de 1.242.000.00. Destes, cerca de 660 mil circulam prioritariamente no Recife, dos quais cerca de 404 mil são automóveis, 129 mil são motocicletas e 7 mil é a quantidade estimada de coletivos urbanos (ônibus, micro-ônibus e trens), que atendem a demanda populacional do Recife, que segundo o Grande Recife Consórcio de Transportes e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) chegam a transportar cerca de 2 milhões de usuários diariamente.

Os dados explicam alguns transtornos vivenciados rotineiramente pelos cidadãos recifenses: superlotação em ônibus e trens que acarretam na depredação dos veículos; o tráfego intenso, que gera congestionamentos e estradas esburacadas.

Diante desta realidade, com o objetivo de discutir questões sobre o direito à cidade, a respeito do deslocamento e acessibilidade aos serviços que nela são oferecidos, Organizações da Sociedade Civil, representantes de movimentos sociais, lideranças comunitárias e moradores do Ibura-Jordão reuniram-se com gestores públicos no sábado (21/3), na Escola Carlúcio Castanha (UR1), para participação no Seminário: “Cidade e Mobilidade: Pela Melhoria do Transporte Coletivo”.

O encontro foi promovido pela Equipe Técnica de Assessoria, Pesquisa e Ação Social (ETAPAS) e Federação Ibura-Jordão (FIJ), parceiras a cerca de 25 anos atuando no território do Ibura-Jordão na perspectiva de formar atores sociais que pensem as cidades sob a ótica dos valores democráticos de igualdade, liberdade e justiça social.

O seminário foi pautado por um documento, elaborado pela FIJ e entidades filiadas, que propõe reestruturação viária para o Ibura-Jordão. O documento foi encaminhado à Companhia de Trânsito e Transporte Urbano – CTTU e ao Grande Recife Consórcio de Transportes contendo 22 propostas que vão desde a revitalização de placas e faixas sinalizadoras à implementação de faixa exclusiva para ônibus interligando o Ibura à Av Recife, o alargamento da Av. Dois Rios (cujo projeto se alastra desde setembro de 2013) e planejamento para melhoria no transporte, acessibilidade e no itinerário do Terminal Integrado Tancredo Neves.

A mesa de debates foi composta pelo Secretário de Mobilidade e Controle Urbano – João Braga; pelo Chefe de Gabinete da Presidência da CTTU – Dimmy Ponciano; pelo Coord. de Operações do Grande Recife Consórcio de Transportes – Mário Sérgio da Fonte; pelo Coord. de Planejamento e Transporte da CBTU – Maurício Meirelles, pelo Diretor do Dpto. de Transportes da FIJ – Cleiton Leal; pela Diretora da FIJ – Biuzinha; pela Assistente Social da Etapas – Isabela Valença; pela Coord. do Movimento Nacional de Luta Pela Moradia (MNLM)– Maria Lins Julião da Rocha (Salete).

Todos os 90 cidadãos presentes manifestaram suas reivindicações com relação ao Terminal Integrado Tancredo Neves, que desde a inauguração em março de 2013, vem deixando os moradores em situação de estresse constante.

A história de luta pela mobilidade no Ibura perdura desde a época da divulgação do projeto do T.I Tancredo Neves que segundo o diretor do Dpto. de transportes da FIJ, Cleiton Leal, interfere até na qualidade de vida dos moradores. “Enfrentamos filas quilométricas e longas esperas para quando conseguimos embarcar no coletivo, corrermos o risco de nos acidentarmos ou adoecermos, por conta da superlotação, do calor e das várias horas que passamos nestas condições”, queixa-se o cidadão.