A Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, cuja Equipe Técnica de Assessoria, Pesquisa e Ação Social (ETAPAS)  faz parte, lançou um nota pública sobre o atual cenário político brasileiro.

Confira nota na íntegra:

É momento de resistência democrática!

A Abong – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, que representa cerca 250 Organizações da Sociedade Civil (OSCs), em 23 Estados, e atua na defesa de direitos, da democracia e da justiça social, reunida em Assembleia Geral, vem a público declarar sua profunda preocupação com os rumos que os processos políticos têm tomado na América Latina e, especialmente, no Brasil, onde governos legitimamente eleitos têm sofrido ataques dos grandes grupos econômicos e da grande mídia.

Para a Abong, a atual crise política é fruto da crise do sistema politico brasileiro, sequestrado pelo poder econômico por meio do financiamento empresarial das campanhas eleitorais e pela incapacidade do Estado brasileiro e do atual Governo Federal de ampliar mecanismos efetivos de participação social e popular.

Soma-se a esta crise de representação o fato de segmentos sem voto e, portanto, sem controle popular, como setores do sistema judiciário, dos meios de comunicação social e dos aparatos policiais, assumirem postura de partidos políticos, tentando sequestrar a frágil e recente democracia brasileira.

Embora profundamente crítica aos rumos que o governo Dilma tem escolhido, a Abong não pode compactuar com a tentativa de golpe, materializado pela ameaça de destituição de uma presidenta legitimamente eleita.

A Abong reitera sua posição sobre a necessidade de uma profunda reforma política, consubstanciada pela ampliação dos mecanismos de participação direta, da democracia participativa e pela reforma do sistema partidário com a eliminação do controle empresarial dos mandatos. Mais que isso, a busca por justiça fiscal, democratização do sistema de justiça e controle social sobre as concessões dos meios de comunicação.

Independente das posições políticas e ideológicas, a Abong conclama a sociedade para a luta conjunta pela democracia, valor estratégico para a construção de um país socialmente justo, igualitário, culturalmente diverso e ambientamente sustentável.

Nos juntamos aos movimentos e Organizações da Sociedade Civil em defesa das nossas conquistas, direitos e pela democracia, única forma real e efetiva de combater a corrupção estrutural num país profundamente desigual.

Não ao Golpe! Nossa luta continua!

Abong – Organizações em Defesa dos Direitos e Bens Comuns

Aproximadamente 45 alunos da Escola Municipal Severina Bernadete Teixeira, participantes do projeto Vínculos Solidários, compareceram ao teatro de Santa Isabel, na última terça (15/3), para assistir ao espetáculo “Operilda na Orquestra Amazônica”. O musical conta a história de uma bruxinha que recebe a missão de contar a história da música erudita brasileira para as crianças em apenas uma hora. Se conseguir, ganha uma orquestra toda só pra ela.

O direito ao lazer é reconhecido internacionalmente desde 1959 como consta na Declaração Universal dos Direitos da Criança, que prevê o lazer como uma vertente do direito à liberdade de meninos e meninas. Segundo especialistas, a infância brasileira tem passado por profundas transformações, influenciada pela intolerância do capitalismo, pelo complexo sistema de globalização, e pela redução do tempo livre devido ao “culto ao trabalho”, dentre outros fenômenos sociais.

Historicamente a população mais pobre tem seu direito ao lazer usurpado, devido à falta de espaços de lazer próximos a sua moradia e a falta de recurso e informação para frequentar espaços em outros locais da cidade.

O coordenador do programa de Crianças e Adolescentes da Etapas, Pedro Ribeiro, aponta: “a cidade é de todos e todas, e seus espaços culturais também, por isso, devem ser utilizados por toda a população e principalmente pelas crianças.  Espaços públicos como o teatro de Santa Isabel são importantes espaços de aprendizagem, conhecimento e podem auxiliar significativamente no desenvolvimento das crianças”.

“Operilda na Orquestra Amazônica” / Foto: João Caldas
“Operilda na Orquestra Amazônica” / Foto: João Caldas

O espetáculo foi selecionado pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura 2015/2016 para circular por quatro capitais: Aracaju, Recife, João Pessoa e Natal.

Os Vínculos Solidários é um projeto executado pela Etapas, realizado em parceria com Federação das Entidades Comunitárias do Ibura e Jordão, Actionaid e 12 Escolas Municipais do Ibura.

Para trazer à tona uma reflexão sobre o direito à vida, não para evitar a morte, mas para exaltar as diversas características e personalidades dos jovens pernambucanos e incentivar a busca por condições de desenvolvimento pessoal, social e profissional – direitos garantidos pela Lei 12.852/2013 do Estatuto da Juventude – o Fórum das Juventudes de Pernambuco (FOJUPE) lança a campanha “Jovens Pelo Direito de Viver”.  A iniciativa visa multiplicar o conhecimento em cidadania dos cerca de 50 movimentos juvenis – rurais e urbanos – que compõem o Fórum, nas quatro Regiões de Desenvolvimento do Estado, durante o ano de 2016.

A multiplicação acontecerá através de intervenções urbanas e digitais, na perspectiva de encorajar a denúncia em casos de violações de direitos e de envolver outros grupos juvenis do Estado para unir esforços em prol da incidência política e garantia de direitos. As ações envolvem colagem de lambe-lambes, distribuição de adesivos e pintura em estêncil nos lares e locais públicos do Estado, assim como a disseminação de um vídeo nas redes sociais, que favorece a reflexão sobre a vida das juventudes e estimula a participação na Campanha.

Para a coordenadora do programa de Juventude da Etapas, Waneska Bonfim, o diferencial do projeto foi reunir as diversas demandas das juventudes [pastorais, indígenas, rurais e urbanas] numa única Campanha que traz elementos do “ser jovem” de maneira positiva. “A ideia da campanha não é só ser de denúncia aos homicídios dos jovens, mas de pensar no quanto a vida deles é influenciada de forma negativa. Os jovens estão muito próximos do sobreviver e não do viver com qualidade. O FOJUPE quer ressaltar a importância de garantir os direitos previstos no Estatuto da Juventude para que o jovem tenha condições de experimentar sua sexualidade, religiosidade, negritude e vivenciar os momentos culturais, profissionais, de esportes, lazer e estudos com qualidade”, explica.

A Campanha foi lançada no último Encontro de Avaliação e Planejamento do FOJUPE em fevereiro. Além de avaliar as participações nas Conferências Municipais, Estadual e Nacional de Juventude e planejar ações de incidência política para 2016, os jovens participaram de uma Oficina de Composição dos instrumentos de divulgação da Campanha.

A Campanha do FOJUPE conta com a colaboração das Organizações da Sociedade Civil (ETAPAS/ Diaconia/ Centro Sabiá/ GAJOP/Popoli in Art, FASE e FETAPE), em parceria com a Escola de Arte e Tecnologia – OI Kabum.

Confira a produção audiovisual:

Apoios: Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese) e Frères des Hommes.

Depoimentos:

Íris Maria – Juventude Sertaneja

“No Sertão do Araripe, percebo que temos um número grande de jovens, mas ainda poucas organizações que trabalham com juventude. Sendo assim, as políticas públicas acabam não chegando até os jovens rurais. Atualmente, muitos jovens do campo estão migrando para a cidade ou para os grandes centros – como São Paulo ou Mato Grosso – em busca de trabalho, e percebo que essa saída acontece porque nas comunidades não têm geração de renda e muito menos lazer. As políticas públicas não estão chegando às bases. Apesar de tantos meios de comunicação ainda vejo uma maior parte de nossa juventude desinformada.

Essa campanha vem para reafirmar os nossos direitos, facilitar o conhecimento do Estatuto da Juventude, e abrir os olhos de nossa juventude. Acredito que a mudança só acontece quando nos apropriamos do conhecimento, para assim sabermos exigir e cobrar de fato os nossos direitos.”

Maurílio Truká – Juventude Indígena

“A juventude indígena Truká, do município de Cabrobó (Sertão), é uma juventude participativa no processo de luta do nosso povo, porém ainda vejo muitos dos nossos jovens a percorrerem alguns caminhos negativos, que não deveriam. Muitas vezes esses caminhos são por falta de oportunidades, como: trabalho, renda e qualificação, estudos. Tudo isso causa uma desestrutura na vida de alguns dos nossos jovens, por isso, alguns fazem opções pelo mais fácil: drogas, álcool. Por um outro lado, vejo uma juventude ousada, comprometida, sonhadora, sempre em busca do melhor para a vida.”