Com o objetivo de enfrentar a violência doméstica e comunitária por meio do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e do desenvolvimento emocional/afetivo e social das crianças e adolescentes, a Etapas – a partir do projeto “Mais proteção, Menos Violência” (Etapas/ KNH) – envolveu cerca de 150 meninos e meninas de duas comunidades carentes do Ibura em oficinas temáticas e lúdicas para possibilitar a construção do pensamento crítico, experimentação e as possibilidades criativas da infância.

A oficina lúdica de teatro para crianças de 6 a 11 anos facilitou – na prática – a compreensão do protagonismo de crianças e adolescentes no enfrentamento da violência doméstica e comunitária.

A oficina temática de Gênero e Sexualidade – destinada aos adolescentes de 12 a 16 anos – facilitou reflexões sobre relações abusivas entre meninos e meninas, violência entre pares, violência doméstica, a violência comunitária em forma de assédio e abuso contra ambos os sexos, e a prática da solidariedade entre meninas.  
         
O educador social do “Mais Proteção, Menos Violência”, Cristiano Ferreira, diz que as oficinas possibilitaram a percepção das crianças e adolescentes sobre o corpo “como algo que deve ser protegido e não violado”, a voz, “como uma ferramenta de potência, que deve se fazer ouvir”, a escola como um espaço de debate e acolhimento para um diálogo horizontal.

Ao final de cinco semanas da oficina de teatro, será produzido um fanzine. Segundo Cristiano, uma ideia que está sendo elaborada e amadurecida, é a de um mobilizar um grupo de meninas para discutir sobre feminismo e formas de enfrentamento ao machismo e suas ramificações. “Dá muito orgulho perceber que meninas de 12 a 16 anos estão caminhando para um empoderamento e solidariedade entre si”, avalia o educador.

A Etapas participou do Encontro “Ministério Público de Pernambuco e Movimentos Sociais”, no mês de agosto, que teve o objetivo de elaborar programas, projetos e ações estratégicas do MPU-PE – no triênio 2017-2020. A Etapas contribuiu com reflexões e proposições de políticas voltadas às crianças e adolescentes do Estado.
 
Para o coordenador do programa de Crianças e Adolescentes da Etapas, Pedro Ribeiro, a importância dos movimentos e organizações da sociedade civil estreitarem vínculos com o MPU é de conhecer as ações e pautar a funcionalidade do poder judiciário na luta por justiça social.

O momento de surgimento do Jornal Folha dos Bairros coincide com a efervescência da organização da sociedade civil na luta pela consolidação democrática no pais, nos anos 80, atingido fortemente nos anos anteriores com o golpe militar de 64. O período de democratização foi marcado, entre outras iniciativas, pela organização dos movimentos sociais em suas mais diferentes expressões e sobretudo pela aparição pública dos Movimentos Populares de Bairros, representados por grupos, organizações e associações comunitárias e no decorrer do processo por Articulações e Federações de bairros.

O jornal Folha dos Bairros, que circulou de 1986 a 1990 com a divulgação de 31 edições, foi lançado com o propósito de acompanhar e registrar os processos de organização em curso nos bairros, comunidades e ocupações, a situação de carência existente e as demandas e reivindicações colocadas pelas organizações. Também tinha como objetivo pautar as lutas mais gerais dos movimentos sociais, expressas na organização de manifestações (passeatas, greves) por melhores condições de vida. Além disso, buscava-se ouvir as respostas do Poder Público sobre as situações apresentadas pelos setores populares. Desse modo o jornal cumpria o sentido de sua existência que era de contribuir para fortalecer a luta e a pressão social em franca expansão.

Neste Resgate Histórico, escolhemos algumas manchetes dos números publicados na ocasião, o que permite comparações entre àquela e a realidade atual.  Sabemos que houve muitas mudanças nesse percurso pois a sociedade mudou, outros movimentos surgiram e novas formas de comunicação apareceram, especialmente aquelas conduzidas pelas Rede Sociais. Porém, muitos problemas de antes hoje são recorrentes mesmo tendo passado 35 anos. A queda de barreiras, mesmo que hoje o poder público tenha um mapeamento das áreas de risco, a luta pelo transporte, que se aumentou na quantidade, as queixas continuam ainda pela insuficiência no número e na qualidade; casos de expulsões de moradores por conta da especulação imobiliária; violência e ausência de segurança pública, entre outros.

O jornal divulgou fatos importantes como o primeiro Congresso da Assembleia de Bairros que criou a FEMEB – Federação Metropolitana de Bairros – como também a mobilização da população e organizações pela elaboração da Constituição de 88 e ainda as experiências de comunicação popular por meio das publicações de boletins e as Rádios Comunitárias presentes na época em mais de 10 comunidades. Além disso foram trazidas a público realidades internacionais de enfrentamento ao autoritarismo, representado a época pela tentativa de invasão à Nicarágua pelos Estados Unidos.

Finalmente o momento não poderia se oportuno de relembrar como aconteceu no final dos anos 80, na luta pelas Diretas que mobilizou todo um país, agora estamos instigados e provocados a dar consequência na luta por eleições diretas de  novo,  em um ambiente marcado pelo autoritarismo e o golpe que se instalou em 2016.

 

Vídeo

gestores públicos estaduais e municipais, Ministério Público de Pernambuco, lideranças comunitárias, organizações da sociedade civil, estudantes e servidores na luta pela melhoria da Educação (Foto: Comunicação Etapas)

Infraestrutura precária, salas de aulas lotadas, falta de material escolar, merenda ruim, falta de atividades de lazer. As violações de direitos contra os servidores e usuários da rede pública de ensino em Pernambuco é uma realidade que no Ibura é potencializada.

As demandas para melhoria da educação pública são pautas frequentes da Federação Ibura Jordão (FIJ) – única federação brasileira com mais de 50 entidades populares de bairros que – organizadas – resistem às crises sociais e lutam pela qualidade de vida em suas comunidades.

Com o objetivo de dar continuidade a incidência política das organizações populares do Ibura no debate sobre a educação pública, a Etapas e a FIJ realizaram o IV Seminário de Educação do Ibura e Jordão, dia 26 de agosto, na Escola Estadual Jordão Emerenciano. O encontro reuniu gestores públicos estaduais e municipais, Ministério Público de Pernambuco, lideranças comunitárias, organizações da sociedade civil, estudantes e servidores que puderam expressar suas demandas e conhecer os programas e projetos governamentais na área da educação.

Participaram da mesa debatedora: Pedro Ribeiro (Etapas); João Charamba (Secretário Adjunto de Educação de Pernambuco); Sério Floro (Action Aid); Leonora Rodrigues (Promotora do Ministério Público de Pernambuco); Márcia (Representante da Secretaria de Educação do Recife); Jurema (Gestão da Rede).
Dentre as cobranças dos moradores, a luta é para que alunos e servidores da Escola Estadual Missionário São Bento (UR-4), não fiquem desamparados e permaneçam estudando na comunidade. Segundo a presidente da FIJ, Severina Veiga (Biuzinha), a Escola está funcionando em condições precárias. Com risco de desabamento de barreira, com o prédio mofado, 50 alunos por sala de aula e um banheiro para os 700 alunos.

Na fala de João Charamba, ele promete que as obras da Missionário São Bento devem começar até novembro deste ano em curso, com prazo de finalização em fevereiro.

A promotora, Leonora Rodrigues, ressaltou o papel do Ministério Público é fiscalizar todas escolas do estado e município e que o diálogo é a melhor forma de avançar com as políticas. Ela pediu para que a população também fiscalize e denuncie as violações de direitos por telefone (3182-7402) ou pessoalmente na sede do MPU.

Uma agenda positiva foi proposta como encaminhamento do seminário. A FIJ irá se reunir com representantes da secretaria de educação município, dia 4 de setembro, na sede da Federação, no Ibura.

Cerca de 1 mil e 500 jovens ativistas – indígenas, mulheres, negros/as, quilombolas, camponeses, LGBTs, estudantes, trabalhadores/as, artistas e militantes representantes de coletivos e organizações juvenis vindos da Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata, Agreste e Sertão, percorreram ruas centrais do bairro do Recife – no dia 11 de agosto – em protesto contra os descasos do Governo do Estado com as juventudes pernambucanas. O ato público, promovido pelo Fórum de Juventudes de Pernambuco (FOJUPE) – fez alusão ao Dia Internacional das Juventudes (12/8) – para denunciar o extermínio da juventude negra; Contra o feminicídio e a violência contra a população LGBT; Contra as reformas trabalhista, da previdência e educacional; Em Defesa das juventudes agroecológica e pelo direito ao território e à mobilidade.

Da concentração no Parque 13 de maio à chegada na Secretaria de Desenvolvimento Social, Crianças e Juventudes (Av. Cruz Cabugá – Recife) os jovens produziram cartazes, entregaram panfletos aos transeuntes, gritaram palavras de ordem e promoveram intervenções teatrais para expressarem suas realidades, denunciar as violência do Estado e pedir pelo direito de viver.

Dados do Mapa da Violência 2016 apontam que dentre 56 mil homicídios ocorridos por ano no Brasil, 77% são de negros. Em Pernambuco, somente nos meses de janeiro a junho de 2017, ocorreram 162 assassinatos e 15.081 notificações de violência contra mulher. O desemprego no Brasil afeta 27,2% dos jovens e Pernambuco o 3º estado com maior número de desempregados.

A estudante e integrante do FOJUPE, Jéssica Vanessa, moradora de Pau Amarelo (RMR), ressalta que o ato mostrou os retrocessos das políticas públicas implementadas pelo governo Michel Temer e como impactam a vida das juventudes de Pernambuco. “Ser jovem, mulher, negra, lésbica e de periferia é bem complicado, porque a gente constrói nossa identidade num âmbito de violência, preconceito e repressão policial. A gente não está num estado democrático, a gente está num estado de mordaça. Se a gente não se empoderar e cobrar nossos direitos, a gente vai continuar morrendo por nossa identidade”, conclui.  

 

Encontro promovido pelo FOJUPE reuniu jovens das quatro regiões de desenvolvimento do Estado para construção coletiva do Agosto das Juventudes que tem como tema central a luta dos “Jovens Pelo Direito de Viver” (Foto: Vinícius Sobreira/ Brasil de Fato)

O Fórum de Juventudes de Pernambuco (FOJUPE), organizações não governamentais e grupos sociais realizam, na próxima sexta-feira (11), um ato público em alusão ao Dia Internacional da Juventude, celebrado em todo o mundo no dia 12 de agosto.  As atividades estão marcadas para acontecer às 14h, no Parque Treze de Maio, área central do Recife, e seguem em passeata até a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, no bairro de Santo Amaro. São esperadas cerca de 1 mil jovens do Sertão, Agreste, Zona da mata e Região Metropolitana do Recife. Com o tema “Jovens Pelo Direito de Viver”, a mobilização tem como reivindicações o Direito ao território e à mobilidade; Contra o extermínio da juventude negra; Contra o feminicídio e a violência contra a população LGBT; Contra as reformas trabalhista, da previdência e educacional e em Defesa das juventudes agroecológica.

As pautas do Agosto das Juventudes vem da luta dos jovens pela garantia de direitos básicos. O FOJUPE trabalha com jovens dos centros urbanos e de comunidades rurais desde a criação do Estatuto da Juventude, sempre lutando para que os direitos sejam assegurados. Na Região Metropolitana de Recife, as principais questões levantadas pelas juventudes durante os intercâmbios promovidos pelo fórum foram a violência contra mulher; a falta de lazer nas comunidades; além  do extermínio e  da violência contra os jovens negros. Para as juventudes camponesas, os problemas centrais para permanência dos(as) jovens no campo é a dificuldade para mobilidade; o acesso à terra, principalmente nos territórios quilombolas e indígenas; e o avanço do agronegócio.

A estudante e integrante do FOJUPE, Jéssica Vanessa, moradora de Pau Amarelo (RMR), ressalta que o ato quer dar visibilidade aos retrocessos das políticas públicas implementadas pelo governo Michel Temer e como impactam a vida das juventudes de Pernambuco. “Ser jovem, mulher, negra, lésbica e de periferia é bem complicado, porque a gente constrói nossa identidade num âmbito de violência, preconceito e repressão policial. A gente não está num estado democrático, a gente está num estado de mordaça. Se a gente não se empoderar e cobrar nossos direitos, a gente vai continuar morrendo por nossa identidade”, conclui.   

O Dia internacional da Juventude foi instituído pela Assembleia Geral da ONU em 1999. A data pretende dar visibilidade aos problemas enfrentados pela juventude, tais como a educação de baixa qualidade, más condições de vida e desrespeito aos direitos do cidadão. Além disso, o Dia Internacional da Juventude visa instigar o comprometimento de toda a sociedade com a causa.

Sobre o FOJUPE – O Fórum das Juventudes de Pernambuco, é um espaço de articulação e mobilização que tem por objetivos a formação política, a experimentação, a troca de experiências e participação política e social das juventudes para incidência nas políticas públicas de juventudes. O FOJUPE envolve diversas organizações e grupos da sociedade civil das quatro Regiões de Desenvolvimento do Estado