Adolescentes e jovens do Ibura puderam conhecer mais sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, sobre arbitrariedade da polícia com jovens periféricos, sobre os privilégios no acesso a espaços de lazer e sobre a política de redução de danos do uso de drogas

O Coletivo “Ibura Mais Cultura” facilitou o debate sobre segurança pública (Foto: Arquivo Etapas)

Empoderar adolescentes e jovens para exercer seus direitos e viverem livres da violência com mais capacidades de rejeitar crenças e práticas violentas e discriminatórias. Este está sendo o objetivo das Trilhas Formativas que Etapas e Unicef vêm realizando com adolescentes e jovens dos 12 aos 17 anos, nos meses de julho e agosto, através do projeto “Proteger Crianças e Adolescentes Impactados pela Violência Armada no Ibura”, vulgo “Ibura Meu Amor”.

No último sábado (21-08), foi realizada uma formação com foco no Direito da Criança e do Adolescente e o Sistema Público de Segurança, com 32 jovens, na Escola Florestan Fernandes.

A educadora social Domênica Rodrigues e a assistente social Marlene Muniz da Etapas, facilitaram o debate sobre os principais direitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trazendo as dimensões artísticas do Cordel, Dança, Música, Desenho e Escrita para o processo de aprendizagem. O coletivo ‘Ibura Mais Cultura’ facilitou a discussão sobre Segurança Pública e a arbitrariedade da polícia com jovens periféricos, sobre os privilégios no acesso a espaços de lazer e sobre a política de redução de danos do uso de drogas.

Para Marlene, a importância das Trilhas Formativas é o empodermento que a informação traz.

“Os jovens despertam para os diversos tipos de violência [verbal – física – psicológica – financeira]. Às vezes o fato de ser importunada não é visto como um tipo de violência. Os grupos percebem certos privilégios dentro do próprio grupo de moradores do Ibura, e começam a pensar sobre não ficar neutro e se posicionar nas lutas, como no antirracismo, por exemplo”, destaca.

Marlene Muniz

Porcentual da chamada geração “Nem-Nem” atingiu o maior número desde 2012

Fonte: R7 Notícias

A pandemia fez a chamada “geração nem-nem” —, parcela de jovens entre 15 e 29 anos que não estuda nem trabalha — bater recorde histórico em 2020, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgada nesta semana.

O levantamento mostra que no segundo semestre de 2020 esse porcentual foi de 29,33%, o maior desde o início da série iniciada em 2012. No segundo semestre do ano passado, o porcentual de jovens sem emprego nem estudo recuou, mas ainda assim ficou em 25,5%, o equivalente a dizer que um quarto dos jovens brasileiros terminou o ano sem trabalho nem escola.

O menor porcentual já registrado na pesquisa, 20,76%, ocorreu durante o ano de 2014.

Segundo o economista Marcelo Néri, diretor da FGV Social e responsável pelo levantamento, o estudo mostra a alta vulnerabilidade dos mais jovens em tempos de crise.

“Estes choques podem deixar marcas permanentes, o chamado efeito-cicatriz, sobre a trajetória de ascensão social de toda uma geração”, diz no estudo.

Evasão escolar caiu

O levantamento também mostrou uma queda da taxa de evasão escolar durante a pandemia, atingindo o nível mais baixo da série no último trimestre de 2020, com 57,95% entre os jovens de 15 a 29 anos. No final de 2019, esse porcentual era de 62,2%.

Para o pesquisador, a combinação entre falta de oportunidades de inserção trabalhista com menor cobrança escolar (presença e aprovação automáticas) podem explicar essa menor evasão.

Jovens sem estudo, mulheres e chefes de família sofrem mais

A pesquisa também identificou os grupos mais vulneráveis à falta de emprego e estudo. O levantamento constatou que os mais vulneráveis são as pessoas sem instrução (66,81%); nordestinos (32%), mulheres (31,29%), pretos (29,09%), moradores de periferia das maiores metrópoles brasileiras (27,41%) e chefes de família (27,39%).

“Além de grupos tradicionalmente excluídos, o fato que das maiores incidências dos nem-nem estarem entre aqueles com menor nível de educação e principais provedores das famílias apresentam implicações para o futuro desses jovens e famílias inteiras”, conclui o estudo.