A Assembleia Geral do FOJUPE reuniu jovens do campo e da cidade, com realidades diferentes, engajados por uma causa em comum: a luta pelos direitos das juventudes

Por Juliana Ribeiro (jornalista da Etapas)

 

Cerca de 70 jovens de coletivos juvenis e representantes de Organizações da Sociedade Civil compareceram ao Santuário das Comunidades em Caruaru (PE)

No final de semana de 20 a 22 de maio, o Fórum das Juventudes de Pernambuco (FOJUPE) realizou sua Assembleia Geral – no Santuário das Comunidades – Caruaru (PE), com o objetivo de rearticular a resistência das juventudes em Pernambuco (pós período crítico da pandemia de covid19) e planejar ações de incidência política para o ano de 2022.

A Assembleia do FOJUPE reuniu cerca de 70 jovens do campo e da cidade, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, periféricos, estudantes, artistas, representantes de Organizações Não Governamentais e indivíduos diversos, com realidades diferentes, engajados e organizados por uma causa em comum: a luta pelos direitos das juventudes.

A luta pelo direito de viver com acesso ao território e à mobilidade; pelo direito de viver livres do etnocídio da juventude negra, indígena e quilombola; pelo direito de viver livres do feminicídio, da violência policial e da violência LGBTQIA+; pelo direito de viver e em defesa da Agroecologia; pelo direito de viver com cultura; pelo direito de viver com saúde.

O encontro teve início na sexta-feira (20/05) com uma mística de abertura e boas-vindas, depois seguiu para apresentação dos grupos e das expectativas dos participantes. Os jovens chegaram com vontade de aprender e multiplicar conhecimentos, de unir forças, de organizar a resistência através do afeto. O primeiro dia foi finalizado com cânticos numa grande ciranda.

Apresentação das ameaças e esperanças da Região Metropolitana do Recife – Foto: Juliana Ribeiro (Etapas)

Na manhã do sábado (21/05), a partir da metodologia “Nossos Corres e Vivências: ameaças e esperanças” foram formados grupos de trabalhos por região para apresentação dos problemas e das potencialidades do território de cada jovem. Após a apresentação de cada região, o biólogo e ativista do movimento agroecológico e da convivência com semiárido , Alexandre Pires, fez uma análise de conjuntura a partir do que foi apresentado.

A poetisa do coletivo Fruto de Favela situado em Paulista (Região Metropolitana do Recife), Jessica Ângela – de 22 anos, diz que enxerga a falta da política pública participativa como ameaça principal.

“O jovem que vai ser alcançado com as políticas públicas precisa participar da construção das ideias e do desenvolvimento da política já que são eles que conhecem suas próprias realidades. As autoridades entendem de uma maneira a realidade do jovem e fazem as políticas sem dialogar com a comunidade, sem dialogar com o jovem”, alega.

Para a agricultora Eldiva Maria, moradora de assentamento em Vitória de Santo Antão, representante da Comissão Estadual de Jovens Rurais, o êxodo rural; os conflitos agrários; a falta de abastecimento d’água no município; o desemprego, são ameaças constantes para quem vive na Zona da Mata Sul. “O jovem sai do campo com a promessa de emprego e melhoria de vida na cidade, vê que a indústria suga muito do seu tempo, tenta voltar para o campo e encontra desemprego ou subempregos. Para produzir no campo tem que ter água e tem que ter recurso para comprar sementes”. Ela diz que com os conflitos agrários os assentamentos não têm título de posse:

“como é que o jovem vai ter vontade de trabalhar-plantar se não se sente seguro porque a terra não é dele? ”.

O estudante Gleidson – de Surubim – representante do Instituto de Protagonismo Juvenil do Agreste – enxerga que a ameaça é o atual “desgoverno” do Brasil. Para ele, a repressão que os movimentos sociais vêm sofrendo e os rastros da pandemia de covid19 está causando o adoecimento psíquico dos jovens.

“Depois do período pandêmico, os jovens ficaram mais ansiosos, as taxas de suicídio aumentaram e isso vem desestimulando a militância dos jovens”, afirma.

Para FIkiá, do Povo Pankararú – do Sertão São Francisco – militante da Rede LGBT de Pernambuco, enxerga a ameaça no atual “desgoverno” que quer apagar a história os povos indígenas e degrada a natureza. Ele vê como esperança a união e mobilização dos jovens na luta por direitos.

Potencialidades

Apresentação da Região do Agreste das potencialidades – Foto Juliana Ribeiro (Etapas)

Os jovens enxergam esperança na participação das juventudes na agricultura familiar; na resiliência; na coletividade; na participação política; no empreendedorismo; na agroecologia; na resistência dos movimentos sociais; nas bolsas universitárias; no acesso à internet no campo; na autossustentabilidade; na potencialidade periférica; no uso das tecnologias.

Planejamento 2022

A parte da tarde do sábado foi dedicada ao planejamento das ações do FOJUPE. Foram projetadas atividades de formações políticas nos municípios de atuação de cada coletivo juvenil, como também ações de incidência política no Estado de Pernambuco. A proposta é realizar um grande ato de rua em alusão ao Agosto das Juventudes e entregar a Plataforma Política do FOJUPE atualizada com problemas e soluções apontados pelos jovens de cada região de Pernambuco, aos candidatos às eleições 2022.

Nova coordenação executiva do FOJUPE formada – Foto Juliana Ribeiro (Etapas)

O último dia da Assembleia (22/05) foi dedicado às eleições da coordenação executiva do FOJUPE. A Região Metropolitana será coordenada por Suzana Santos e Daniel Santos; A Zona da Mata por Ferreira Lima e Pâmela Florêncio. O sertão por Samara Santana e Sandriane Lourenço; O Agreste por Átila Faizão e Jaqueline Lima.

Roda final de agradecimento e homenagem ao Padre Reginaldo Veloso – Foto Juliana Ribeiro (Etapas)

Houve um momento de avaliação da Assembleia e o encontro foi finalizado com uma homenagem ao Padre Reginaldo Veloso – falecido no último dia 19 de maio – que contribui ativamente na luta pelo direito dos jovens de Pernambuco.

Fazem parte desta articulação:

Caritas, Casa da Mulher do Nordeste, Centro Sabiá, Diaconia, ETAPAS, EQUIP, FASE, FETAPE, Visão Mundial, Movimento Jovem de Políticas Públicas MJPOP, com apoio de Terre Des Hommes Schweiz, Pão Para o Mundo e OAK Fundation.

Crianças,adolescentes e famílias vão às ruas com batucada e entrega de informativos para alertar a comunidade sobre o combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescente

A caminhada passou pelas duas comunidades – Portelinha e Vila 27 de Abril – que o projeto “Nenhum Direito A Menos” atua

Crianças, adolescentes e famílias do Ibura – participantes do projeto “Nenhum Direito a Menos” (Etapas/KNH) de enfrentamento às violências doméstica, sexual e comunitária no território do Ibura – caminharam pelas ruas da Vila 27 de Abril e Portelinha com o objetivo de alertar a comunidade para a campanha do 18 de maio: Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Para o educador do projeto, Cristiano Ferreira, é preciso ressaltar a importância do trabalho em rede para combater a exploração sexual e abuso contra crianças e adolescente.

“Destacamos os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), que são unidades públicas que funcionam como porta de entrada para o atendimento de pessoas em situação de risco social ou que tiveram seus direitos violados. Salientamos que principalmente não culpabilizem a criança ou o adolescente e que, identifiquem quaisquer elementos e situações de risco que possam haver”, ressalta.

18 de maio

Nesta data em 18 de maio de 1973, uma menina de oito anos, chamada Araceli Crespo, saiu mais cedo da escola para levar um envelope até um prédio no centro de Vitória, capital do Espírito Santo. Ao encontrar os destinatários, Araceli foi drogada, espancada, estuprada e morta. O seu corpo ficou vários dias escondido dentro de um freezer e desfigurado por um ácido corrosivo, até ser abandonado em um terreno e encontrado por outra criança. O 18 de maio simboliza a luta ao Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Diariamente crianças e adolescentes são expostos a diversas formas de violência nos diversos ambientes por eles frequentados. A família, a sociedade e o poder público, devem ser envolvidos na discussão e nas atividades propostas em relação à prevenção ao abuso e exploração sexual.

A violência sexual de crianças e adolescentes pode ocorrer em várias idades (incluindo bebês), e em todas as classes sociais, podendo ser de várias formas, como:

Abuso sexual: a criança é utilizada por adulto, ou até um adolescente, para praticar algum ato de natureza sexual.

Exploração sexual: usar crianças e adolescentes com propósito de troca ou de obter lucro financeiro ou de outra natureza em turismo sexual, tráfico, pornografia, ou também em rede de prostituição.

Assim que for identificada a violência sexual, antes mesmo de conversar com a vítima, é importante entrar em contato com profissional que possa colaborar e dar o encaminhamento correto de acordo com o caso, conforme a Lei nº. 13.431/2017.

Canais de denúncia

Havendo alguma suspeita é possível fazer a denúncia por meio do canal Disque 100. A ligação é gratuita, funciona todos os dias da semana, por 24h, inclusive sábados, domingos e feriados.

A denúncia pode ser feita também na Polícia Militar, pelo número 190, ou Polícia Rodoviária Federal, pelo 191. O sigilo é garantido, e as ligações podem ser feitas por aparelhos fixos ou móvel.

Mais informações poderão ser obtidas no site www.facabonito.org.br

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