No mês de setembro, 38 adolescentes e jovens mulheres moradoras do Ibura e Jordão desenvolveram ações de multiplicação social relacionadas à temática da exploração sexual em oito escolas públicas dos dois bairros. Aproximadamente 450 adolescentes e jovens das escolas se envolveram nas discussões sobre o tema a partir desta iniciativa.

As jovens se utilizaram da linguagem audiovisual e do teatro para expressar o tema de forma mais acessível e agradável. Elas definiram o roteiro da peça teatral e também se encarregaram da representação.

Esta ação de multiplicação social é parte do projeto “Meninas, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania”, desenvolvido no Ibura, numa parceria entre FIJ – Federação Ibura Jordão, ETAPAS e Action Aid. Tem como um dos objetivos a prevenção a exploração sexual e a garantia de direitos das meninas, adolescentes e jovens. Além das 40 adolescentes e jovens envolvidas diretamente nas ações, o projeto conta com o envolvimento de familiares, lideranças comunitárias, moradores e gestores públicos.

No último dia 18 de novembro, o relator nacional da plataforma de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (Dhesca), Leandro Gorsdof, aportou em Pernambuco para participar de uma reunião com representantes do Comitê Popular da Copa em Pernambuco e do Fórum de Reforma Urbana de Pernambuco (FERU).

No encontro foram discutidas as situações de violação de direitos à moradia no Loteamento São Francisco, em Camaragibe, diante da realização de despejos de forma violenta e ao baixo valor das indenizações e dos valores de bolsa-aluguel devido impactos gerados pelas obras de infraestrutura da Copa do Mundo em 2014.

Durante a visita de Gorsdof, a comitiva partiu em direção ao Fórum de Camaragibe para encontrar as famílias em processo de desocupação que reivindicavam a ausência de diálogo e de negociação com o poder público sobre as alternativas às remoções. O relator pôde ouvir os apelos dos moradores do Loteamento São Francisco, entre eles: mulheres, idosos, adolescentes e crianças em situação de risco.

Na ocasião houve a oportunidade de reunir em Assembléia Pública algumas organizações da sociedade civil, moradores e representantes de movimentos sociais do Fórum de Reforma Urbana (FERU), Fórum Suape, Comitê Popular da Copa, Movimento Direitos Urbanos, Movimento Coque (R) Existe e Observatório das Metrópoles para discutir e viabilizar soluções habitacionais durante e após o Mundial de 2014.

Como resultado da inspeção, efetivou-se uma negociação entre governantes e moradores do Loteamento São Francisco onde foi decretada a prorrogação dos prazos para desocupação dos imóveis no Loteamento São Francisco. Neste final de semana 29 e 30 de novembro e 1 de dezembro, as famílias em processo de desocupação, os movimentos sociais e as organizações da sociedade civil terão mais uma oportunidade de reivindicar direitos e debater sobre os danos causados pelos megaeventos esportivos à população, sobretudo a de baixa renda, no seminário “Legados e Relegados da Copa do Mundo: Quando o Direito à Cidade é Violado”.

 

Cerca de 200 jovens, dos 10 aos 17 anos, moradores do Ibura Jordão, deverão participar na manhã deste domingo (1/12) da II Maratona Esportiva Juvenil do Projeto Sistemas de Vínculos Solidários. O evento, que é coordenado pela Federação Ibura Jordão (FIJ) e ETAPAS, proporciona a integração entre os participantes do Sistema de Vínculos Solidários através da atividade esportiva, visando promover e divulgar o projeto nas comunidades do Ibura Jordão.

Neste ano, a Maratona acontece no Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. Ações de alerta e prevenção contra a doença serão realizadas antes e durante a corrida. Serão aplicados testes rápidos para detectar a presença do vírus HIV e, em partes do percurso, haverá pessoas hasteando cartazes de reflexão sobre a doença.

O torneio estará divido em quatro categorias: Feminina e Masculina – dos 10 aos 13 anos e dos 14 aos 17. A premiação para o 1º, 2º e 3º lugares de cada categoria será de uma bicicleta, além de um troféu, medalhas de prata e bronze para os respectivos vencedores. Todos os participantes receberão medalhas simbólicas e participarão de sorteio de brindes.

Edição: Juliana Ribeiro

Com o objetivo de favorecer um espaço de reflexão sobre as organizações juvenis e suas condições sociopolíticas, inserção e controle das políticas públicas dirigidas às juventudes, o Fórum das Juventudes de Pernambuco (FOJUPE) vem atuando para consolidar o reconhecimento dos jovens como sujeitos de direito com a implementação do projeto “Juventude é Atitude! Qual é a Sua?”, que junto às entidades e grupos parceiros do FOJUPE, realiza curso de formação visando promover a articulação e incidência política dos jovens do campo e da cidade.

A ETAPAS fortalece o Fórum no âmbito da organização e das pesquisas direcionadas a conjuntura política da juventude, formas de organização juvenil, trabalho, segurança, educação e cultura.

Desde sua fundação, em 2010, o FOJUPE promove encontros sistemáticos da sua Coordenação Colegiada e entidades de apoio (ETAPAS, Diaconia, Centro Sabiá, GAJOP, FASE- PE e PICCOLO MONDO) que são responsáveis pela execução do projeto e desenvolvem metodologias para o fortalecimento da articulação e formação política dos jovens.

O ano de 2012 foi dedicado às discussões e aprofundamento dos eixos orientadores da 2ª Conferência de Políticas Públicas das Juventudes do Brasil e das Conferências Livres realizadas pelo FOJUPE, são eles:

1) Direito à Qualidade de Vida e ao Desenvolvimento Integral;
2) Direito ao Território
3) Direito à Experimentação e Qualidade de Vida;
4) Direito à Diversidade e à Segurança;
5) Direito à Participação e Referenciais Normativos da Política Pública de Juventudes

A partir desse processo surge o documento oficial de expressão dos jovens do FOJUPE: A Plataforma das Juventudes do Estado de Pernambuco; publicada em 2013, para pautar e proporcionar um diálogo entre os jovens pernambucanos e os gestores públicos, a fim de reivindicar políticas públicas de juventude para atender os temas/ demandas ligadas aos jovens. Este documento subsidiou também todo o processo de formação política que aconteceu este ano.

Em 2013, o Curso de Formação Política foi desenvolvido nas quatro Regiões de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco (Região Metropolitana do Recife (RMR), Agreste, Sertão e Zona da Mata). A metodologia norteia à divisão de dois módulos para cada uma das regiões, onde no 1º Módulo são discutidas a participação e a organização dos coletivos juvenis, fazendo uma análise sobre suas realidades, para que surjam possibilidades de intervenção coletiva na viabilização de políticas públicas. No 2º Módulo é feito um estudo aprofundado sobre os temas debatidos e sobre o marco legal que rege as políticas públicas de juventude, com isso, são pensadas estratégias para a execução de intervenção coletiva e mudança de realidade.

Os encontros aconteceram entre os meses de maio e outubro de 2013, nas cidades de Recife, Caruaru, Ouricuri e Palmares. Cerca de 120 jovens integrantes de coletivos juvenis, dos 15 aos 29 anos, participaram da formação.

Confira o que dizem os jovens que já participaram do projeto (clique nos links em azul para acessar cada vído):

I Módulo – Caruaru (Maio)
II Módulo – Ouricuri (Julho)
I e II Módulos – Recife (Agosto)
I II Módulos – Palmares (Outubro)

A culminância da formação política acontecerá na Assembléia/ Encontro Estadual do FOJUPE com todos os envolvidos no projeto, que acontece nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, no Santuário das Comunidades, em Caruaru.

Edição: Juliana Ribeiro

Nos dias 27 de setembro e 2 de outubro, a ETAPAS, em parceria com Federação Ibura Jordão (FIJ), promoveu o Curso de Formação de Meninas Multiplicadoras, visando capacitar e incentivar garotas, dos 12 aos 18 anos de idade, a replicarem os conhecimentos adquiridos por meio do projeto “Meninas, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania”, através da mobilização.

Ministrado pela coordenadora do Coletivo Mulher Vida, Adriana Duarte e pela assistente social da Etapas, Isabela Valença, o Curso tratou de despertar o olhar crítico das cerca de 40 alunas, moradoras das comunidades do Ibura (Três Carneiros, UR 10 e Vila 27 de Abril), sobre o contexto do enfrentamento à exploração sexual e ao uso das drogas. As meninas formaram grupos de discussão para realização de trabalhos informativos com os temas: Mobilização e Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Para a estudante Geane Maria (18), o projeto tem sido de grande valia para seu aprendizado, pois, em um ano, entendeu que existem direitos específicos para as crianças e adolescentes, aprendeu como distinguir e se prevenir de casos de abuso sexual e, hoje, sabe a importância que tem a mobilização para conscientizar outras pessoas.

A mãe da estudante Geovana Damasceno (12), Luana Damasceno, diz que percebeu uma mentalidade diferente na filha pelos seus comentários, “Ela agora fala sobre investigar e denunciar casos de abusos sexuais pelo disk 100” e declara que está aprendendo com o projeto, pois acompanha Geovana nos seminários e cursos que ela participa.

No período de 05 a 08 de outubro, apoiadas pela campanha “Não Brinque com o Meu Direito”, instituída pela Action Aid, as turmas receberam cartazes, bottons, broches, panfletos e a missão de replicar conhecimento, apresentando os trabalhos feitos em sala de aula, para cerca de 400 meninas divididas entre Escolas Municipais, Associações de Moradores e Conselhos de Moradores de cada comunidade.

Com programação diversificada e debates calorosos envolvendo a problemática da Exploração Sexual em Pernambuco e no Brasil, o Seminário realizado pela Action Aid, com apoio da ETAPAS e outras entidades parceiras inclusas no Projeto Meninas, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania, explanou o tema “Papel do Poder Público e da Sociedade Civil no Enfrentamento à Exploração Sexual”.

O Seminário aconteceu a 19 de setembro, no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), e alertou com teatralidade sobre discussões ligadas a direitos iguais entre gêneros, o combate ao trabalho infantil, a violência contra mulher e a exploração sexual, com interpretação dos sósias de Mateus e Catirina, personagens folclóricos do Estado. As cerca de 100 meninas e familiares presentes das comunidades do Ibura, Passarinho e Charneca, situadas em Recife e no Cabo de Santo Agostinho, participantes do referido Projeto, tiveram total interação com os atores e opinaram sobre os temas.

No segundo momento, formou-se uma mesa de abertura composta por representantes da Prefeitura do Recife, Action Aid, ETAPAS, Casa da Mulher do Nordeste e Centro das Mulheres do Cabo, onde foram analisadas as vertentes do tema de acordo com a ótica de cada órgão. Em seguida, a promotora de justiça, Rosimere Souto, a coordenadora do Coletivo Mulher Vida, Adriana Duarte e a representante da Rede de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes de Pernambuco, Inês Dias, foram convidadas para formar a mesa de debates.

Questões como o tráfico e o turismo de mulheres, a pornografia e a prostituição na infância e adolescência, foram discutidas com dados alarmantes. Segundo a coordenadora do Coletivo Mulher Vida, as pesquisas apontam que, cerca de mil meninas são abusadas anualmente no Brasil e o país é o maior exportador de crianças e mulheres para prostituição das Américas. No debate também houve o incentivo à geração de denúncias de abusos sexuais, que segundo Rosimere “Há pouca demanda de registros contra esse crime, pois as pessoas têm preconceitos com assuntos dessa natureza”. Ainda de acordo com a promotora de justiça, cerca de 85% dos abusos contra crianças e adolescentes acontecem dentro de casa com os próprios pais ou padrastos no papel de agressores, que, na maioria dos casos, acabam ficando impunes por não serem denunciados.

Para Inês Dias, o trabalho em rede é fundamental, mas a sociedade civil tem o papel de se mobilizar para auxiliar o governo no incentivo à promoção de políticas públicas e este órgão, por sua vez, tem a obrigação de promover ações de combate a tais fatores. A Secretária da Mulher na Prefeitura do Recife, Sílvia Cordeiro, citou a campanha “Direitos Iguais na Cidade”, como uma das preocupações do governo para desenvolver uma cidade segura para mulheres, que visa implantar um conjunto de propostas sobre os impactos sociais, ambientais e econômicos para o desenvolvimento da região sobre vida da população.

Na ocasião, houve o lançamento da campanha “Não Brinque Com o Meu Direito”, desenvolvida pela ActionAid para subsidiar as participantes do Projeto Meninas, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania à repassar o aprendizado através da mobilização nos ambientes de convivência.