Após nove meses de atividades semanais com 20 crianças (9 a 11 anos), moradoras da comunidade de Três Carneiros (Ibura), o projeto “Mudando Práticas, Assegurando Direitos” – executado pela Etapas com recursos do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente com o apoio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente (COMDICA) – encerra um ciclo de formação ética, social e cultural baseado no protagonismo infantil e na integração da sociedade civil, familiares, gestores públicos e líderes comunitários com um objetivo em comum: construir novas práticas de diálogo para enfrentamento da violência doméstica e sexual de crianças nos espaços de convivência.
O encerramento culminou na multiplicação do conhecimento com intervenções educativas – através da distribuição de fanzines e colagem de cartazes nos comércios e equipamentos públicos da comunidade – e artísticas – com apresentações teatrais de fantoches para alunos da Escola Municipal Severina Bernadete – abordando a temática da violência doméstica (física e psicológica).
Os fanzines, cartazes e a peça teatral foram construídos coletivamente pelas crianças – com base em relatos cotidianos, apresentações audiovisuais sobre o combate à violência doméstica e estudos sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – diante da lógica de incentivar o protagonismo infantil, que segundo o pedagogo e técnico da Etapas, Cristiano Ferreira, estimula a participação social e contribui para o desenvolvimento pessoal das crianças.
Crianças do projeto MPAD multiplicam conhecimento para alunos da Escola Severina Bernadete, em Três Carneiros – Ibura
Cristiano – que esteve na relação diária com a turma – diz que a compreensão de que as crianças estão predispostas a sofrerem violência física no âmbito familiar está intrínseca nos padrões educativos da sociedade, onde “se a criança responder a mãe, ela apanha, como um ato de correção”. Ele relata que as crianças entendem quando sofrem violência por parte dos colegas, mas quando são os pais que as “humilham”, elas “introjetam” a informação e tendem a achar normal.
Para a psicóloga e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Sandra Ataíde, a violência doméstica contra a criança pode ter sido naturalizada, mas “não é algo normal” pois, “aqueles que deveriam protegê-la (os adultos/pais), são aqueles que machucam, geram medo e insegurança na criança e, que muitas vezes, a faz pensar que a violência é uma expressão de amor”, comenta.
As consequências das atitudes violentas, segundo ela, podem marcar negativamente a vida da criança que, “muito provavelmente terá a relação de afeto quebrada, precisando ser renegociada e retomada ao longo da vida”, afirma a psicóloga.
O enredo da peça relatou a angústia de uma criança, que ao ser violentada continuamente pelo pai, foge para buscar ajuda no Conselho Tutelar. Essa atitude consegue gerar a reflexão do pai, que promete não usar mais da força física para educá-la.
Para Sandra, a fuga de casa demonstra que a situação é insuportável para a vítima e que os pais devem aproveitar essa situação [de denúncia] para ouvir a criança e seu apelo de ajuda, como também devem repensar a própria atuação como pais/cuidadores. “Os limites devem ser estabelecidos com firmeza, não com violência”, afirma.
Para os pais que estão acostumados a punir suas crias com agressividade, a psicóloga dá dicas:
“Os limites podem ser estabelecidos a partir do oferecimento de opções de escolha, dentro daquilo que lhe é possível fazer sem correr perigo e considerando a idade da criança. Neste caso, a criança tem a autonomia de escolha, mas dentre duas opções dadas pelos pais. Por exemplo: ler ou assistir à televisão. Além disso, os limites precisam ser dados considerando as possibilidades de serem realmente realizados. Por exemplo, não seria interessante proibir o filho de assistir à televisão se ele fica sozinho em casa e tem acesso livre a esse eletroeletrônico. ”
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