A Federação Ibura-Jordão (FIJ), aliada as organizações não governamentais – ETAPAS e ActionAid, promoveram o seminário “Criança e Adolescente, Políticas Públicas e Controle Social”, a fim de debater  as políticas públicas estratégicas voltadas para os direitos e necessidades das crianças e adolescentes da região.

O evento aconteceu a 26 de novembro, na Escola Municipal Jordão Emerenciano, reunindo cerca de 60 pessoas entre alunos(as) das escolas públicas, professores(as), gestores(as) públicos(as), lideranças comunitárias, representantes de movimentos sindicais, de organizações parceiras e filiadas a FIJ.

A programação teve início com a apresentação teatral das meninas do projeto “Crianças, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania”, cujo tema abordou o combate da violência contra mulher, gravidez na adolescência e drogas. (saiba mais aqui)

O evento seguiu com as explanações da mesa debatedora composta por Iran Vicente (Conselho Tutelar da RPA-6); Rosa Barros (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente – Cedca); Bruna Ribeiro (Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente – Condica); Vandevaldo Nogueira (Sociólogo); Cristina (Gerente de Proteção Básica da Prefeitura do Recife; Biuzinha (Presidente da FIJ); Isabela Valença (Assistente Social – Etapas); Daiane Dutra (Action Aid); Eduardo Vasconcelos (Secretaria do Governo e Participação Social).

No debate, as lideranças comunitárias da FIJ trouxeram relatos das situações vivenciadas no cotidiano dos moradores da RPA-6 correlacionando com as dificuldades do cumprimento as leis que regem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Reivindicaram dos gestores(as) públicos(as), Conselho Tutelar e Condica a execução dos serviços dos programas e projetos voltados para a criança e o adolescente.

Os gestores(as) públicos(as) e o conselheiro tutelar apresentaram as ações e programas desenvolvidos e os desafios para um bom desempenho das suas atuações.

A participação do conselheiro do Grêmio Estudantil da Escola Jordão Emerenciano, Felipe da Silva (18), chamou a atenção por se tratar de um jovem com voz ativa no âmbito escolar e comunitário. Ele atua há seis anos como voluntário no grêmio e destacou as ações que articula para envolver cada vez mais os jovens na busca por direitos e no exercício da cidadania. “Nós organizamos campeonatos, palestras, oficinas de dança, grafitagem, skate, na perspectiva de que os alunos participem das atividades junto com os professores, coordenadores e diretores para tornar o ambiente escolar mais atrativo”, conclui.

Após o debate houve outro momento de reflexão com a apresentação final da peça de teatro das meninas do projeto “Crianças, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania”, que arrancou muitos aplausos e elogios da plateia.
Ao final, todos receberam balões do projeto da Action Aid “Cidade Seguras para as Mulheres” para lembrar da importância de se ter uma cidade segura para as meninas e mulheres que sofrem com assédio, machismo e violência nos espaços públicos.

Durante o mês de outubro, 15 jovens moradores da comunidade da UR,1 integrantes do Sistema de Vínculos Solidários (projeto da Action Aid executado pela Etapas em parceria com a Federação Ibura-Jordão -FIJ) , participaram do curso “A Arte da Fotografia”, ministrado pela fotojornalista Ana Caúla Cribari. O curso levou os jovem a refletir sobre exposição da imagem nas redes sociais.

“A fotografia popularizou-se recentemente em decorrência da facilidade de aquisição de telefones celulares com câmeras e do barateamento de equipamentos fotográficos. Atrelado a isto, o aparecimento das mídias sociais fez com que jovens disseminem imagens dos momentos pessoais e, às vezes íntimos, sem pensar nas consequências que este compartilhamento pode causar na vida pessoal e, futuramente, profissional” comentou Anna que enfatiza os jovens foram instigados a conhecer melhor a cerca da arte fotografar, treinando o olhar e cultivando a sensibilidade, buscando revelar o oculto no cotidiano.

A Campanha Cidades Seguras para as Mulheres – iniciativa da ActionAid – em parceria com a Etapas, Centro das Mulheres do Cabo e Casa da Mulher do Nordeste, tem por objetivo dar visibilidade à insegurança que as mulheres sofrem nas cidades para pressionar e construir políticas que possam garantir iluminação, transporte, moradia, educação e policiamento de qualidade potencializando o debate sobre direitos iguais para todos.

O projeto vem sendo desenvolvido desde 2010 cujas ações foram dividida em três etapas. A primeira de observação com o diagnóstico a partir do tema; já a segunda fase se deu com a realização de oficinas, momento em que as mulheres apresentaram todos os problemas que encontram e apresentar propostas de soluções. A terceira etapa, por sua vez, foi composta pelo levantamento e visitas noturnas aos lugares onde as mulheres não se sentem seguras ao andarem sozinhas. Destas fases foi elaborado um documento com propostas para serem incluídas no plano de políticas de gestão pública federal.

O lançamento da campanha foi realizado na Torre Malakoff – Recife Antigo. Participaram da mesa de debate: Isabela Valença da ETAPAS, Adriana Vieira do Centro Feminista 8 de Março, Itanacy Oliveira da Casa da Mulher do Nordeste, Nivete Azevedo do Centro das Mulheres do Cabo e Ana Paula Ferreira da Action Aid.  Além da representante da Secretaria da Mulher do Recife, Silvia Cordeiro.

Após as falas da mesa, o debate fluiu. Aproximadamente 100 pessoas participavam atentas aos depoimentos e indagações de cerca de 40 jovens do Ibura, integrantes do projeto “Menina, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania”, sobre percepção de sensação de segurança, experiências de assédio e violência e serviços públicos existentes em suas comunidades.

O Seminário: Políticas Publicas e Combate a Homofobia aconteceu a 17 de setembro deste 2014, na Escola Municipal Jordão Emerenciano localizada no bairro do Ibura. O evento foi mais uma das atividades da parceria entre Etapas, FIJ e Action Aid, que colaboram com o aprofundamento do tema e engajamento da classe LGBT na luta contra o preconceito e combate aos crimes contra gays, lésbicas, bissexuais,  transexuais e trangêneros no Estado.

Entre representantes da sociedade civil, do terceiro setor e de órgãos públicos, fizeram parte da mesa debatedora: Severina Veiga – Presidente da Federação Ibura Jordão – FIJ; Isabela Valença – Assistente Social da ETAPAS; Sergio Floro- Representante da Action Aid; Gabrielle Conde – Representante da Gerencia de Livre Orientação Sexual (GLOS); Eleonora Pereira– Representante do Movimento Nacional de Mães pela Igualdade; José Cleto – Representante da Rede Reação e Departamento de LGBT da FIJ e Rhemo Guedes – Coordenador Estadual do Centro de Combate a Homofobia da Secretaria Estadual de Direitos Humanos de Pernambuco.

O debate trouxe à tona questões sobre a criminalização da homofonia, casamento homoafetivo, saúde dos LGBT’s e as dificuldades de se trabalhar os temas nas escolas (que se encontra no plano de lutas da FIJ).

A representante da Prefeitura do Recife, Gabrielle Conde explanou o trabalho da Gerencia de Livre Orientação Sexual em como romper o preconceito a partir das ações afirmativas. “As ações da GLOS consistem em trabalhar os direitos humanos nos bairros e no âmbito da educação, nós fazemos parcerias com as escolas levando materiais de campanha, exibindo filmes e realizando discussões com os alunos”, informou Gabrielle.

Para Rhemo Guedes o desafio do Centro de Combate a Homofobia se encontra em “trabalhar numa política de governo, com toda limitação, não ser estruturante e a criminalização não estar na legislação”, porém afirma que o Centro tem recebido muitas denúncias nas escolas e as discussões estão sendo feito diretamente com cada uma delas, “com o cuidado de não criminalizar a vítima”, aponta.

O momento também foi de reflexão com o depoimento de Eleonora – Representante do Movimento Nacional de Mães pela Igualdade, que há quatro anos teve seu filho, Ricardo, homossexual assumido, assinado por espancamento. “Depois da morte dele, eu prometi que a bandeira do arco-íris, da qual ele tanto se orgulhava, não ia cair e que a luta dele não ia acabar”, conta emocionada. Eleonora criou o Instituto José Ricardo Pelo Bem da Diversidade que atua nas escolas, orientam as famílias e vai à luta em plenária na defensoria de direitos dos LGBT’s.

Ao final do debate houve apresentações artísticas. Os intérpretes transformistas Marilyn Taylon e Whitney de Castro emocionaram a plateia com belíssimas dublagens de músicas populares brasileira. O transformista Stherfanny Twins deixou o público boquiaberto com sua performance frenética de “bate-cabelo”. O grupo de dança Andreinia & Ballet deu um show de ritmo e coreografia encerrando a programação com maestria.

Durante os meses julho e agosto, as cerca de 40 garotas, moradoras do Ibura-Jordão, que integram o Projeto “Meninas, Adolescentes e Jovens Construindo Cidadania” – de parceria entre a FIJ, ETAPAS e Action Aid – participaram de oficinas de teatro com o objetivo de realizarem ações de multiplicação social em escolas municipais dos dois bairros a fim de mobilizar outros jovens através da arte e educação.

As oficinas foram divididas em dois módulos cujas atividades desenvolvidas culminaram na elaboração de uma peça teatral com temáticas voltadas ao combate da violência contra mulher, exploração sexual, racismo e drogas.  No primeiro módulo foram realizadas dinâmicas de grupos utilizando cartilhas educativas e recursos audiovisuais instigando a reflexão sobre o enfoque e vivência dos temas dentro das comunidades. No segundo, as meninas dividiram-se em três grupos para produzir e ensaiar suas apresentações, sob a direção do Coordenador de Cultura da FIJ e da Rede Reação, José Cleto.

Confira o vídeo de uma das dinâmicas:

As apresentações acontecerão durante o mês de novembro, em oito escolas do Ibura-Jordão, e, segundo José Cleto, prometem despertar o olhar crítico da plateia para o enfrentamento dos problemas sociais e cada vez mais engajar os jovens a terem voz ativa em suas comunidades. A perspectiva é atingir cerca de 500 jovens com faixa etária entre 12 e 23 anos.

A ETAPAS desenvolveu atividades lúdicas com crianças e adolescentes de dez comunidades do Ibura, estimulando a reflexão sobre as temáticas de esporte e lazer e a expressão das opiniões por meio de textos e desenhos. As atividades aconteceram nos meses de maio e junho, em parceria com as organizações comunitárias locais e escolas públicas.

Esta proposta esteve relacionada ao momento da Copa do Mundo que foi realizada no Brasil, favorecendo uma análise sobre a realidade vivenciada pelas crianças nas comunidades. Os trabalhos apontaram a ausência de espaço físico adequado à prática esportiva em algumas escolas ou mesmo a precariedade dos poucos espaços públicos existentes nas comunidades.

Nestes exercícios, as crianças e os adolescentes puderam apresentar seus desejos relacionados às práticas esportivas ou simplesmente possibilidades de diversão e lazer que poderiam ser incorporadas nas comunidades. Os trabalhos documentam sugestões e possibilidades de intervenção comunitária que corresponderiam aos desejos de crianças e adolescentes moradores do Ibura.