Em parceria com o UNICEF, Compaz Paulo Freire recebe mutirão para apoiar adolescentes e jovens na emissão de documentos civis, elaboração de currículo e inscrição em vagas de emprego

Adolescentes e jovens do bairro do Ibura, no Recife, participam do Festival Ibura de Oportunidades no Compaz Paulo Freire, nessa sexta-feira (27). A iniciativa tem o objetivo de conectar participantes ao mundo do trabalho e inclusão social. Ao longo do dia, serão oferecidos serviços de emissão de documentação civil, elaboração de currículo, inscrição para vagas de emprego, além de imunização. Com expectativa de atender cerca de 300 participantes, a iniciativa faz parte de uma parceria do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Um Milhão de Oportunidades (1MiO), Organização Etapas e Prefeitura do Recife.

Durante a programação do Festival, adolescentes e jovens terão acesso a uma trilha de serviços para apoiar a transição da escola para o mundo do trabalho. Quem necessitar poderá colocar a documentação civil em dia, com os serviços do #ExpressoRecife de emissão RG, CPF, carteira de trabalho e até 2ª via de certidão de nascimento. Ao longo do dia, também será possível construir um currículo com o apoio de equipes de especialistas, participar de oficinas e se inscrever em oportunidades de formação profissional, além de se cadastrar em vagas de aprendizagem, estágio e emprego formal disponibilizadas pela parceria 1MiO e GoRecife.

“Nós pensamos um Festival que pudesse unir os serviços de garantia de direitos, com foco nos jovens que estão, neste momento, migrando dos ambientes de estudo para o mundo do trabalho”, explica Felipe Gonzalez, oficial de educação do UNICEF e coordenador da iniciativa 1MiO. “Queremos garantir que os adolescentes do Ibura tenham apoio para construir bons currículos a partir de suas experiências de vida, encontrar oportunidades de trabalho decente e tenham a documentação em dia para o momento da entrevista”.

A oficial de desenvolvimento e participação de adolescentes do UNICEF, Luiza Leitão, esclarece que o Festival é também um momento celebrativo de todo um conjunto de atividades que vêm sendo desenvolvidas com adolescentes e jovens do Ibura como parte da iniciativa #AgendaCidadeUNICEF. “Há quatro anos, estamos atuando com escuta, formação de competências e direitos, apoio à saúde mental, entre outras ações, destinadas a adolescentes do Ibura. O Festival vem como uma culminância desse percurso”, afirma.

SERVIÇO: O Festival Ibura de Oportunidades acontecerá na sexta-feira (27 de setembro), das 9h às 16h, no Compaz Paulo Freire, localizado na Ladeira da Cohab, 10, Ibura.

Sobre a #AgendaCidadeUNICEF

#AgendaCidadeUNICEF é uma parceria do UNICEF com prefeituras para a promoção de direitos e oportunidades de crianças e adolescentes mais vulneráveis nos centros urbanos, contribuindo para a inclusão, não discriminação e não violência. No Recife, o Ibura foi escolhido como território prioritário. Além da capital pernambucana, estão se somando à iniciativa as cidades de Belém, Fortaleza, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo.

Sobre 1MiO

O 1MiO é uma iniciativa do UNICEF, em parceria com governos, empresas privadas, organizações da sociedade civil e agências da ONU. A iniciativa tem como objetivo proporcionar a jovens e adolescentes de 14 a 29 anos, em situação de vulnerabilidade, acesso a oportunidades de ensino de qualidade, habilidades digitais, conexão com a internet, participação cívica, treinamento profissional e empregabilidade, por meio de programas de aprendizagem, estágio e emprego. Para esta iniciativa, o UNICEF conta com a parceria estratégica de Silatech, Iberdrola, Microsoft e Accenture.

Sobre a Etapas

A Etapas é uma organização que atua há mais de 40 anos no Recife, com foco no Direito à Cidade, Direito das Juventudes e de Crianças e Adolescentes. A Etapas tem o Ibura como território de desenvolvimento das suas ações e projetos.

Por Juliana Ribeiro (Etapas)

“Conhecimento é cuidado” afirma a psicóloga e professora Jesus Moura. Ela continua: “O saber, o acessar, o conhecer as coisas, fazem as pessoas se tornarem humanizadas. Cuidar da saúde mental é conhecer: o que provoca doença mental em mim e no outro? O que provoca dor e sofrimento em mim e no outro?”

Segundo a professora, a partir do momento que o indivíduo compreende que aquilo que ele sente é porque as pessoas estão o descriminando, ele tem uma forma de reagir. Então, ele pode se cuidar. Mas, se o indivíduo não sabe e acha que a descriminação é culpa dele, ele vai continuar doente.

“O conhecimento é importante para saber se defender e saber evitar de fazer alguém sofrer”, conclui Jesus.

Seminário reúne rede de profissionais da saúde, educação e assistência para pensar na promoção de saúde mental para adolescentes e jovens (Foto: Juliana Ribeiro- Etapas)

A partir da Agenda Cidade Unicef, a Etapas realizou o seminário “Promoção de saúde mental de adolescentes e jovens: Interseccionalidades do Cuidado”, nesta terça-feira (30/4), no Compaz Professor Paulo Freire, para profissionais da rede da Educação, Saúde e Assistência Social que atuam com adolescentes e jovens no Ibura.

Psicóloga e Professora, Jesus Moura (Foto: Juliana Ribeiro – Etapas)

A formação, que teve como facilitadora a psicóloga Jesus Moura, fomentou o conhecimento e estimulou a sensibilidade sobre a promoção em saúde mental de adolescentes e jovens a partir da interseccionalidade do cuidado.

O que é interseccionalidade?

Segundo Kimberlé Crenshaw, a interseccionalidade “visa explicar a inseparabilidade estrutural do racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado, bem como as articulações decorrentes daí, que imbricadas repetidas vezes, colocam as mulheres negras mais expostas e vulneráveis aos trânsitos das estruturas”.

A sensibilização no seminário passou pela definição de racismo estrutural, dinâmica de auto identificação-autocuidado, reflexão sobre raça e classe social, definição de gênero, dinâmica de preconceitos através de falas pejorativas.

Vídeo: Entenda o que é RACISMO ESTRUTURAL! – Canal Preto
https://www.youtube.com/watch?v=lryL8ZAMq-E

Para saber:

Sexo Biológico tem a ver genitálias/ cromossomos

Gênero é a maneira como a pessoa se sente e se percebe

Orientação Sexual é a atração que se sente por outros indivíduos

Cisgenero: a pessoa se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento

Transgênero: a pessoa que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento

Travesti: identidade de gênero feminina

Como isso implica na saúde mental de adolescentes e jovens?

A psicóloga Renata Farias reflete que na interseccionalidade existem formas diferentes de opressões e privilégios na vida de adolescentes e jovens e isso vai ditar as experiências.

“Gênero, classe e raça pode atravessar o acesso à educação, a oportunidade de emprego, a descriminação (bullying), a saúde mental”, afirma Renata.

Ela diz que “na perspectiva do acesso à educação, podem existir obstáculos financeiros. Na descriminação pode existir a questão do bullying (a depender da maneira como a escola organiza, puna ou cuide dessas questões). Quando não consegue acessar um emprego por ser mulher e por ser negra. No acesso à saúde mental, tem às questões das barreiras e estigmas, que muitas vezes as travestis e pessoas transgênero enfrentam”.

Para Jesus, as pessoas precisam se apropriar de cada um desses elementos que são os marcadores de vulnerabilidades sociais: raça, classe, gênero e ter uma ação política dentro da sociedade.

Equipe Etapas, Jesus Moura e alunas do curso de psicologia da Fafire, ocupando o Compaz Paulo Freire/ Ibura com a pauta da saúde mental (Foto: Mariana – Unicef)

O seminário faz parte da parceria Unicef e Etapas, que tem atuações sistemáticas no Ibura, através da Agenda Cidade Unicef, na qual a Etapas assume a função de implementadora dos eixos de Engajamento de Adolescentes, Inclusão Sócio Produtiva e Saúde Mental.

A Etapas vem realizando ações de promoção em saúde mental de crianças adolescente, jovens, mulheres e cidadãos do Ibura. Seja enfrentando violência de gênero, racismo, racismo ambiental. Com formação política, incentivando a prática do brincar, com rodas de cuidado, fortalecendo a cultura, esporte, lazer e pontos de cuidado como praças e Unidades Básicas de Saúde.

Adolescentes e jovens do Ibura puderam conhecer mais sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, sobre arbitrariedade da polícia com jovens periféricos, sobre os privilégios no acesso a espaços de lazer e sobre a política de redução de danos do uso de drogas

O Coletivo “Ibura Mais Cultura” facilitou o debate sobre segurança pública (Foto: Arquivo Etapas)

Empoderar adolescentes e jovens para exercer seus direitos e viverem livres da violência com mais capacidades de rejeitar crenças e práticas violentas e discriminatórias. Este está sendo o objetivo das Trilhas Formativas que Etapas e Unicef vêm realizando com adolescentes e jovens dos 12 aos 17 anos, nos meses de julho e agosto, através do projeto “Proteger Crianças e Adolescentes Impactados pela Violência Armada no Ibura”, vulgo “Ibura Meu Amor”.

No último sábado (21-08), foi realizada uma formação com foco no Direito da Criança e do Adolescente e o Sistema Público de Segurança, com 32 jovens, na Escola Florestan Fernandes.

A educadora social Domênica Rodrigues e a assistente social Marlene Muniz da Etapas, facilitaram o debate sobre os principais direitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trazendo as dimensões artísticas do Cordel, Dança, Música, Desenho e Escrita para o processo de aprendizagem. O coletivo ‘Ibura Mais Cultura’ facilitou a discussão sobre Segurança Pública e a arbitrariedade da polícia com jovens periféricos, sobre os privilégios no acesso a espaços de lazer e sobre a política de redução de danos do uso de drogas.

Para Marlene, a importância das Trilhas Formativas é o empodermento que a informação traz.

“Os jovens despertam para os diversos tipos de violência [verbal – física – psicológica – financeira]. Às vezes o fato de ser importunada não é visto como um tipo de violência. Os grupos percebem certos privilégios dentro do próprio grupo de moradores do Ibura, e começam a pensar sobre não ficar neutro e se posicionar nas lutas, como no antirracismo, por exemplo”, destaca.

Marlene Muniz

Porcentual da chamada geração “Nem-Nem” atingiu o maior número desde 2012

Fonte: R7 Notícias

A pandemia fez a chamada “geração nem-nem” —, parcela de jovens entre 15 e 29 anos que não estuda nem trabalha — bater recorde histórico em 2020, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgada nesta semana.

O levantamento mostra que no segundo semestre de 2020 esse porcentual foi de 29,33%, o maior desde o início da série iniciada em 2012. No segundo semestre do ano passado, o porcentual de jovens sem emprego nem estudo recuou, mas ainda assim ficou em 25,5%, o equivalente a dizer que um quarto dos jovens brasileiros terminou o ano sem trabalho nem escola.

O menor porcentual já registrado na pesquisa, 20,76%, ocorreu durante o ano de 2014.

Segundo o economista Marcelo Néri, diretor da FGV Social e responsável pelo levantamento, o estudo mostra a alta vulnerabilidade dos mais jovens em tempos de crise.

“Estes choques podem deixar marcas permanentes, o chamado efeito-cicatriz, sobre a trajetória de ascensão social de toda uma geração”, diz no estudo.

Evasão escolar caiu

O levantamento também mostrou uma queda da taxa de evasão escolar durante a pandemia, atingindo o nível mais baixo da série no último trimestre de 2020, com 57,95% entre os jovens de 15 a 29 anos. No final de 2019, esse porcentual era de 62,2%.

Para o pesquisador, a combinação entre falta de oportunidades de inserção trabalhista com menor cobrança escolar (presença e aprovação automáticas) podem explicar essa menor evasão.

Jovens sem estudo, mulheres e chefes de família sofrem mais

A pesquisa também identificou os grupos mais vulneráveis à falta de emprego e estudo. O levantamento constatou que os mais vulneráveis são as pessoas sem instrução (66,81%); nordestinos (32%), mulheres (31,29%), pretos (29,09%), moradores de periferia das maiores metrópoles brasileiras (27,41%) e chefes de família (27,39%).

“Além de grupos tradicionalmente excluídos, o fato que das maiores incidências dos nem-nem estarem entre aqueles com menor nível de educação e principais provedores das famílias apresentam implicações para o futuro desses jovens e famílias inteiras”, conclui o estudo.

Foto: Oran Oniilari / CCJ Recife

Jovens do Agreste, Zona da Mata, Sertão e Região Metropolitana do Recife se reuniram na última sexta-feira (24.08) para protestar contra as violações de direitos e impactos dos desmontes das políticas públicas sobre as vidas dos jovens de Pernambuco no II Ato Agosto das Juventudes – Jovens Pelo Direito de Viver organizado pelo Fórum das Juventudes de Pernambuco (FOJUPE). O ato levou cerca de 500 jovens urbanos e rurais às ruas em caminhada entre a Praça do Derby e a Praça do Diário – Recife, com índigenas, quilombolas, estudantes, artistas, negros e negras, LGBTs pautando as suas lutas enquanto sujeitos de direitos e dando visibilidade ao 12 de Agosto, Dia Internacional das Juventudes.

“Nosso objetivo é deixar o mês de agosto como marco dos debates sobre direitos das juventudes. Nossa mobilização é muito importante no contexto atual, em que temos perdido tantos direitos e estamos às vésperas de um processo eleitoral. Acreditamos que a democracia precisa dar um passo à frente, em que aqueles que a gente eleja não sejam mais os que vão decidir por nós, mas aqueles que vão sintetizar as nossas demandas”, diz Filipe Antonio, de 26 anos,militante do FOJUPE e morador do Vasco da Gama – Recife.

Para a realização do II Ato Agosto das Juventudes e construção do documento com denúncias e propostas dos jovens de Pernambuco, o FOJUPE realizou encontros preparatórios nas quatro regiões do Estado, chamado de ‘Juventude nas Comunidades’ e sistematizou as principais demandas na Carta Política do FOJUPE.

Entre as principais questões que aparecem estão a falta de emprego, a escassez de abastecimento de água, especialmente nas regiões do Agreste e Sertão; ausência de políticas de lazer, culturais, de combate ao racismo e promoção da igualdade racial e entre gêneros; falta de uma política de segurança pública estruturada, o que resulta em ações violentas nas comunidades, como as ocorridas recentemente em Ibura, Abençoada por Deus, Barro, Nova Detran e Santa Luzia (Recife), Alto Bela Vista (Cabo) e Céu Azul (Camaragibe); diminuição de investimentos nas áreas da saúde, com atraso e até entrega de medicamentos vencidos para jovens que vivem com HIV, e da educação, com fechamento de escolas rurais; e desrespeito a territórios indígenas e quilombolas.

A carta foi entregue ao Ministério Público de Pernambuco, ao candidato à presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos e sua candidata a vice-presidenta, Sônia Guajajara e aos candidatos de Pernambuco que estiveram presentes no ato.

A indígena Kapinawá Myrelliane, estudante de Odontologia, destaca o protagonismo da juventude na sociedade brasileira:

“Nossa luta não é de agora, vem de nossos antepassados, que foram sementes e nós somos os frutos. O ato é o momento de afirmação de nossas identidades, e da nossa resistência e força. A juventude não está dormindo, está acordada”.

São Organizações de Apoio ao FOJUPE: Etapas, FASE, Centro Agroecológico Sabiá, Diaconia, Casa da Mulher do Nordeste, Mirim Brasil, FETAP, ActionAid.

 

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Adolescentes do projeto “Mais Proteção, Menos Violência” preparados para imprimir suas identidades no BRT Gervásio Pires 1- Conde da Boa Vista (Foto: Comunicação Etapas)

Em uma ação comemorativa pelos 35 anos de fundação da Etapas e 4 anos da MobiBrasil, cerca de 20 adolescentes de comunidades do Ibura, participantes de projetos sociais da ETAPAS, grafitaram a parada de ônibus do BRT Gervásio Pires 1 – da Conde da Boa Vista – no primeiro sábado do mês de agosto.

A parceria Etapas e MobiBrasil possibilitou difundir o grafitti como ferramenta de transformação social, levar as expressões artísticas das periferias para o centro do Recife e efetivar o direito de adolescentes e jovens de ocupar e interferir na cidade com cultura e lazer.

Os adolescentes que pintaram a parada do BRT – que fica na frente do Shopping Boa Vista – são moradores da Vila 27 de Abril e Portelinha (Ibura). São comunidades formadas por uma maioria de mulheres domésticas e os locais se caracterizam pela má qualidade ou escassez de serviços públicos como saúde, saneamento, segurança, entre outros.

A Etapas realiza formação diária com 240 crianças e adolescentes destas comunidades. O projeto “Mais Proteção, Menos Violência” visa enfrentar a violência doméstica e comunitária no território.
Entre as atividades lúdico-formativas do projeto, está a iniciação a arte do grafite que acontece no Conselho de Moradores da Vila 27 de Abril.  

Para a concretização da pintura da Estação de BRT na Conde da Boa Vista, foram realizadas três oficinas de treinamento teórico e prático o grupo de grafiteiros da MangueCrew – do grafiteiro Carbonel – na sede da Etapas.

Para Joana, moradora da Vila 27 de Abril, grafitar no BRT é imprimir sua identidade de mulher negra de periferia.

Já Ricardo Junior, morador da UR-10, quer imprimir uma cultura de paz, e fala que a “favela não é só violência”.  Para ele é um sonho poder fazer a arte que ele só via os grafiteiros fazendo na televisão.

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