Crédito: Ivan Melo / Divulgação ActionAid

Participantes do Meninas em Movimento, projeto da ActionAid em parceria com organizações pernambucanas, realizam série de atividades especiais com foco na prevenção, em torno do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

Do que são capazes 210 meninas, de 13 a 17 anos? Elas querem amplificar e multiplicar vozes para enfrentar o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. Essas jovens, moradoras de sete comunidades do Recife, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, estão à frente da campanha educativa Todas Juntas Vencem. Durante todo o mês de maio, elas protagonizam ações presenciais e nas redes sociais para desnaturalizar a cultura do assédio, ensinando outras meninas e sensibilizando suas comunidades a identificarem, se protegerem e a denunciarem as várias formas de violência sexual.

Todas elas são participantes do Meninas em Movimento, projeto da ActionAid em parceria com as organizações pernambucanas Casa da Mulher do Nordeste (CMN), Centro das Mulheres do Cabo (CMC) e Etapas. O patrocínio é da Petrobras e do Governo Federal, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Com suas próprias contas no TiKTok, no Kwai, no Instagram, e até no status do Whatsapp, elas postam o material educativo – inteiramente disponível para baixar em www.todasjuntasvencem.com.br. Elas também atuam com ações nas próprias escolas, falando sobre o tema e distribuindo folhetos, cartazes e adesivos.

Para estarem aptas a gerar a conscientização e debate no mundo online, as meninas receberam treinamento de mídia advocacy e de digital influencer. O chamado delas ocorre num momento propício. Ao longo de todo o mês de maio, são realizadas atividades em torno do 18 de Maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. E, assim, aumentar a conscientização sobre o tema.

E não é de hoje que esse tema é denunciado. Em 2019, a ActionAid havia pontuado, numa pesquisa feita no Brasil e em outros países: mais da metade (53%) das brasileiras entre 14 e 21 anos convivem diariamente com o medo de serem assediadas. O perigo para crianças e adolescentes tende a se alastrar pelo ambiente virtual. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil, lançada esse mês, o índice de menores de idade que usam internet subiu de 89% para 93%, de 2019 para 2021.

Gabriela Ângelo, especialista em Direito das Mulheres da ActionAid e coordenadora geral do projeto, avalia a importância do protagonismo das meninas nesse processo para qualificar a visão, tanto de crianças como de adultos, sobre o assédio:

“A participação das adolescentes nas ações da campanha faz com que essas meninas ecoem suas próprias vozes para que outras se vejam nelas e possam se somar nesta caminhada contra o abuso e a exploração sexual. É importante que se desfaça o tabu que cerca esse tema. Queremos mobilizar as crianças e adolescentes para reconhecerem seus direitos e a identificarem uma rede de proteção, sem que percam de vista o fortalecimento dos vínculos comunitários. É importante perceber e identificar situações de violência; questionar e transformar o conteúdo que crianças e adolescentes consomem e acessam relacionados ao machismo e a misoginia; e construir uma comunicação para e partir das meninas e mulheres em prol de toda sociedade.”

Participação e protagonismo na vida pública

No próprio dia 18 de maio, cerca de 30 adolescentes representando o projeto Meninas em Movimento vão participar de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco e de uma caminhada em direção ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual no centro da capital pernambucana, levando a campanha Todas Juntas Vencem para as atividades promovidas pela Rede de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes do Estado de Pernambuco.

Uma das lideranças da Rede, Hyldiane Lima é psicóloga e coordenadora do Meninas em Movimento no CMC. Ela comenta a importância da autoestima e do senso de protagonismo para que essa mobilização tenha se tornado realidade.

“O projeto busca preparar as adolescentes para assumir o protagonismo da vida delas e contribuir na multiplicação desses temas, usando o conhecimento na defesa de seus direitos e na mobilização de outras jovens, trazendo para elas também o ativismo nas causas sociais. Então, levá-las para participar das atividades do dia 18 de maio é uma das formas de incentivá-las e estimular a participação de todas nas ações em defesa dos direitos. Para o projeto, este é um resultado que nos afirma a importância das ações de fortalecimento das meninas e adolescentes na prevenção das violências sexuais.”

As próprias meninas sentem a mudança na maneira de pensar e agir. Yasmin Bernardo Gomes da Silva, de 15 anos, moradora da comunidade Ibura, no Recife, aprendeu que não deve mais se calar diante das situações de assédio.

“Uma vez, estava no ônibus e um cara olhou debaixo da minha saia. Foi extremamente desconfortável. Fiquei sem reação e uma mulher se colocou pra me proteger. Ficar calada não é legal. Contar o que aconteceu ajuda muito e é muito bom ouvir as outras meninas. Uma roupa não é convite para nada. Os homens acham que vamos ficar caladas só porque somos meninas. Eu era muito quieta, envergonhada e agora me soltei mais. Eu acredito que esteja num processo. A gente aprende a se gostar mais, a contar sobre o que sente”, conta Yasmin.

Moradora da comunidade Passarinho, também no Recife, Jullya Rayanne, de 13 anos, sonha em se tornar advogada. Ela quer ajudar crianças que são vítimas de assédio e violência. Um pouco antes de se juntar ao Meninas em Movimento, perdeu uma tia, vítima de feminicídio.

“Precisei perdê-la para poder estar aqui. Sempre fui muito forte, sou feminista. Fui bastante ajudada, aprendi a falar sobre sentimentos, a me expressar melhor. Era muito calada, guardava tudo o que acontecia comigo. Agora, quero ser advogada para ajudar as crianças que sofrem com isso e não conseguem falar”, pontua.

Serviço:
Ações da Campanha Todas Juntas Vencem
www.todasjuntasvencem.com.br
Entre maio e julho de 2023
Contato de Imprensa:
assessoria.imprensa@actionaid.org
matheusvieira.cultura@gmail.com
Telefone para contato:
(21) 21 99924-1628

Barreiras no Ibura-Recife (local mais devastado pelas chuvas de maio de 2022) – Foto: Acervo Etapas

Em nota, a Etapas se solidariza com as famílias de Recife e Região Metropolitana, vítimas dos soterramentos, da destruição, do desespero com as fortes chuvas em Pernambuco no último final de semana de maio. Mais uma vez a política pública não estava presente para resolver as demandas urgentes da população.

Estamos em luto e na luta para amenizar as dores das pessoas desabrigadas, que precisam recomeçar suas vidas “do zero”.

Temos 40 anos de atuação nas comunidades. Estamos disponibilizando nosso PIX INSTITUCIONAL e nossa SEDE para receber doações e destinar às famílias do Ibura.

O que doar:

-Água
-Produtos de Higiene Pessoal
-Produtos de Limpeza
-Utensílios de Cozinha
-Roupas de Cama
-Colchões
-Móveis
-Roupas

Onde doar:

Sede da Etapas: Rua da Soledade, 243 – Boa Vista – Recife
De Segunda a sexta-feira
Das 9h às 15h

PIX: 11.017.803/0001-75

Porcentual da chamada geração “Nem-Nem” atingiu o maior número desde 2012

Fonte: R7 Notícias

A pandemia fez a chamada “geração nem-nem” —, parcela de jovens entre 15 e 29 anos que não estuda nem trabalha — bater recorde histórico em 2020, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgada nesta semana.

O levantamento mostra que no segundo semestre de 2020 esse porcentual foi de 29,33%, o maior desde o início da série iniciada em 2012. No segundo semestre do ano passado, o porcentual de jovens sem emprego nem estudo recuou, mas ainda assim ficou em 25,5%, o equivalente a dizer que um quarto dos jovens brasileiros terminou o ano sem trabalho nem escola.

O menor porcentual já registrado na pesquisa, 20,76%, ocorreu durante o ano de 2014.

Segundo o economista Marcelo Néri, diretor da FGV Social e responsável pelo levantamento, o estudo mostra a alta vulnerabilidade dos mais jovens em tempos de crise.

“Estes choques podem deixar marcas permanentes, o chamado efeito-cicatriz, sobre a trajetória de ascensão social de toda uma geração”, diz no estudo.

Evasão escolar caiu

O levantamento também mostrou uma queda da taxa de evasão escolar durante a pandemia, atingindo o nível mais baixo da série no último trimestre de 2020, com 57,95% entre os jovens de 15 a 29 anos. No final de 2019, esse porcentual era de 62,2%.

Para o pesquisador, a combinação entre falta de oportunidades de inserção trabalhista com menor cobrança escolar (presença e aprovação automáticas) podem explicar essa menor evasão.

Jovens sem estudo, mulheres e chefes de família sofrem mais

A pesquisa também identificou os grupos mais vulneráveis à falta de emprego e estudo. O levantamento constatou que os mais vulneráveis são as pessoas sem instrução (66,81%); nordestinos (32%), mulheres (31,29%), pretos (29,09%), moradores de periferia das maiores metrópoles brasileiras (27,41%) e chefes de família (27,39%).

“Além de grupos tradicionalmente excluídos, o fato que das maiores incidências dos nem-nem estarem entre aqueles com menor nível de educação e principais provedores das famílias apresentam implicações para o futuro desses jovens e famílias inteiras”, conclui o estudo.

Foto: Oran Oniilari / CCJ Recife

Jovens do Agreste, Zona da Mata, Sertão e Região Metropolitana do Recife se reuniram na última sexta-feira (24.08) para protestar contra as violações de direitos e impactos dos desmontes das políticas públicas sobre as vidas dos jovens de Pernambuco no II Ato Agosto das Juventudes – Jovens Pelo Direito de Viver organizado pelo Fórum das Juventudes de Pernambuco (FOJUPE). O ato levou cerca de 500 jovens urbanos e rurais às ruas em caminhada entre a Praça do Derby e a Praça do Diário – Recife, com índigenas, quilombolas, estudantes, artistas, negros e negras, LGBTs pautando as suas lutas enquanto sujeitos de direitos e dando visibilidade ao 12 de Agosto, Dia Internacional das Juventudes.

“Nosso objetivo é deixar o mês de agosto como marco dos debates sobre direitos das juventudes. Nossa mobilização é muito importante no contexto atual, em que temos perdido tantos direitos e estamos às vésperas de um processo eleitoral. Acreditamos que a democracia precisa dar um passo à frente, em que aqueles que a gente eleja não sejam mais os que vão decidir por nós, mas aqueles que vão sintetizar as nossas demandas”, diz Filipe Antonio, de 26 anos,militante do FOJUPE e morador do Vasco da Gama – Recife.

Para a realização do II Ato Agosto das Juventudes e construção do documento com denúncias e propostas dos jovens de Pernambuco, o FOJUPE realizou encontros preparatórios nas quatro regiões do Estado, chamado de ‘Juventude nas Comunidades’ e sistematizou as principais demandas na Carta Política do FOJUPE.

Entre as principais questões que aparecem estão a falta de emprego, a escassez de abastecimento de água, especialmente nas regiões do Agreste e Sertão; ausência de políticas de lazer, culturais, de combate ao racismo e promoção da igualdade racial e entre gêneros; falta de uma política de segurança pública estruturada, o que resulta em ações violentas nas comunidades, como as ocorridas recentemente em Ibura, Abençoada por Deus, Barro, Nova Detran e Santa Luzia (Recife), Alto Bela Vista (Cabo) e Céu Azul (Camaragibe); diminuição de investimentos nas áreas da saúde, com atraso e até entrega de medicamentos vencidos para jovens que vivem com HIV, e da educação, com fechamento de escolas rurais; e desrespeito a territórios indígenas e quilombolas.

A carta foi entregue ao Ministério Público de Pernambuco, ao candidato à presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos e sua candidata a vice-presidenta, Sônia Guajajara e aos candidatos de Pernambuco que estiveram presentes no ato.

A indígena Kapinawá Myrelliane, estudante de Odontologia, destaca o protagonismo da juventude na sociedade brasileira:

“Nossa luta não é de agora, vem de nossos antepassados, que foram sementes e nós somos os frutos. O ato é o momento de afirmação de nossas identidades, e da nossa resistência e força. A juventude não está dormindo, está acordada”.

São Organizações de Apoio ao FOJUPE: Etapas, FASE, Centro Agroecológico Sabiá, Diaconia, Casa da Mulher do Nordeste, Mirim Brasil, FETAP, ActionAid.

 

Confira a galeria de fotos:

Cerca de 1 mil e 500 jovens ativistas – indígenas, mulheres, negros/as, quilombolas, camponeses, LGBTs, estudantes, trabalhadores/as, artistas e militantes representantes de coletivos e organizações juvenis vindos da Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata, Agreste e Sertão, percorreram ruas centrais do bairro do Recife – no dia 11 de agosto – em protesto contra os descasos do Governo do Estado com as juventudes pernambucanas. O ato público, promovido pelo Fórum de Juventudes de Pernambuco (FOJUPE) – fez alusão ao Dia Internacional das Juventudes (12/8) – para denunciar o extermínio da juventude negra; Contra o feminicídio e a violência contra a população LGBT; Contra as reformas trabalhista, da previdência e educacional; Em Defesa das juventudes agroecológica e pelo direito ao território e à mobilidade.

Da concentração no Parque 13 de maio à chegada na Secretaria de Desenvolvimento Social, Crianças e Juventudes (Av. Cruz Cabugá – Recife) os jovens produziram cartazes, entregaram panfletos aos transeuntes, gritaram palavras de ordem e promoveram intervenções teatrais para expressarem suas realidades, denunciar as violência do Estado e pedir pelo direito de viver.

Dados do Mapa da Violência 2016 apontam que dentre 56 mil homicídios ocorridos por ano no Brasil, 77% são de negros. Em Pernambuco, somente nos meses de janeiro a junho de 2017, ocorreram 162 assassinatos e 15.081 notificações de violência contra mulher. O desemprego no Brasil afeta 27,2% dos jovens e Pernambuco o 3º estado com maior número de desempregados.

A estudante e integrante do FOJUPE, Jéssica Vanessa, moradora de Pau Amarelo (RMR), ressalta que o ato mostrou os retrocessos das políticas públicas implementadas pelo governo Michel Temer e como impactam a vida das juventudes de Pernambuco. “Ser jovem, mulher, negra, lésbica e de periferia é bem complicado, porque a gente constrói nossa identidade num âmbito de violência, preconceito e repressão policial. A gente não está num estado democrático, a gente está num estado de mordaça. Se a gente não se empoderar e cobrar nossos direitos, a gente vai continuar morrendo por nossa identidade”, conclui.  

 

Encontro promovido pelo FOJUPE reuniu jovens das quatro regiões de desenvolvimento do Estado para construção coletiva do Agosto das Juventudes que tem como tema central a luta dos “Jovens Pelo Direito de Viver” (Foto: Vinícius Sobreira/ Brasil de Fato)

O Fórum de Juventudes de Pernambuco (FOJUPE), organizações não governamentais e grupos sociais realizam, na próxima sexta-feira (11), um ato público em alusão ao Dia Internacional da Juventude, celebrado em todo o mundo no dia 12 de agosto.  As atividades estão marcadas para acontecer às 14h, no Parque Treze de Maio, área central do Recife, e seguem em passeata até a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, no bairro de Santo Amaro. São esperadas cerca de 1 mil jovens do Sertão, Agreste, Zona da mata e Região Metropolitana do Recife. Com o tema “Jovens Pelo Direito de Viver”, a mobilização tem como reivindicações o Direito ao território e à mobilidade; Contra o extermínio da juventude negra; Contra o feminicídio e a violência contra a população LGBT; Contra as reformas trabalhista, da previdência e educacional e em Defesa das juventudes agroecológica.

As pautas do Agosto das Juventudes vem da luta dos jovens pela garantia de direitos básicos. O FOJUPE trabalha com jovens dos centros urbanos e de comunidades rurais desde a criação do Estatuto da Juventude, sempre lutando para que os direitos sejam assegurados. Na Região Metropolitana de Recife, as principais questões levantadas pelas juventudes durante os intercâmbios promovidos pelo fórum foram a violência contra mulher; a falta de lazer nas comunidades; além  do extermínio e  da violência contra os jovens negros. Para as juventudes camponesas, os problemas centrais para permanência dos(as) jovens no campo é a dificuldade para mobilidade; o acesso à terra, principalmente nos territórios quilombolas e indígenas; e o avanço do agronegócio.

A estudante e integrante do FOJUPE, Jéssica Vanessa, moradora de Pau Amarelo (RMR), ressalta que o ato quer dar visibilidade aos retrocessos das políticas públicas implementadas pelo governo Michel Temer e como impactam a vida das juventudes de Pernambuco. “Ser jovem, mulher, negra, lésbica e de periferia é bem complicado, porque a gente constrói nossa identidade num âmbito de violência, preconceito e repressão policial. A gente não está num estado democrático, a gente está num estado de mordaça. Se a gente não se empoderar e cobrar nossos direitos, a gente vai continuar morrendo por nossa identidade”, conclui.   

O Dia internacional da Juventude foi instituído pela Assembleia Geral da ONU em 1999. A data pretende dar visibilidade aos problemas enfrentados pela juventude, tais como a educação de baixa qualidade, más condições de vida e desrespeito aos direitos do cidadão. Além disso, o Dia Internacional da Juventude visa instigar o comprometimento de toda a sociedade com a causa.

Sobre o FOJUPE – O Fórum das Juventudes de Pernambuco, é um espaço de articulação e mobilização que tem por objetivos a formação política, a experimentação, a troca de experiências e participação política e social das juventudes para incidência nas políticas públicas de juventudes. O FOJUPE envolve diversas organizações e grupos da sociedade civil das quatro Regiões de Desenvolvimento do Estado