Como estratégia de buscar a participação efetiva de crianças e adolescentes na direção de uma plena realização do direito a se expressar livremente, passando pelo direito a proteção e ainda o direito a proatividade na construção dos conteúdos do projeto “Mais Proteção, Menos Violência” (Etapas/KNH) – cerca de 140 crianças e adolescentes de comunidades do Ibura tiveram a oportunidade de desenhar suas impressões sobre a cultura do enfrentamento à violência doméstica e comunitária e vê-las estampando as paredes do Conselho de Moradores da Vila 27 de Abril – lugar onde acontece o projeto – através da Ação de Grafitagem facilitada pela ONG Cores do Amanhã.

Segundo o educador do “Mais Proteção, Menos Violência”, Cristiano Ferreira, a ideia de escolher a Oficina de Grafite se deu pelo fato do método de expressão ir de encontro com a realidade das periferias.

“O grafite nasce no subúrbio e passa uma mensagem de protesto. Nosso foco foi desenhar os temas discutidos no projeto e contar um pouco da história das domésticas que construíram a comunidade, falar do feminismo, fazer refletir sobre a padronização do corpo e abordar a consciência negra”, afirma o educador.

A metodologia da Ação de Grafitagem trazida pelo Cores do Amanhã na pessoa de Rudson (ex aluno do projeto do Cores no bairro de Tejipió – Recife) e acordada entre os participantes foi a abordagem do nascimento do Movimento Hip Hop de maneira lúdica para as crianças e documental para os adolescentes. Foi discutida a diferença entre o grafitte e a pichação, procurando desmistificar os estereótipos de marginalização que permeiam a arte do grafitte e as mensagens de protesto na pichação. As crianças de 6 a 11 anos criaram pinturas em tela e moldes vazados usados no grafitte, e os adolescentes (12 a 17 anos ) realizaram intervenções nas paredes externas do Conselho de Moradores.

Após duas semanas de atividades, a Ação de Grafitagem foi finalizada com um mutirão de artistas grafiteiros e participação do grupo de percussão do Cores do Amanhã.

Os desenhos das crianças e adolescentes foram utilizados para produção de um calendário 2018 para ser entregue às famílias participantes da Gincana do Afeto.

Com o objetivo de fortalecer os vínculos afetivos de crianças e adolescentes com suas respectivas famílias participantes do projeto “Mais Proteção, Menos Violência” (Etapas/KNH), a Etapas realizou atividades semanais – durante o mês de dezembro – de sensibilização e prevenção à violência doméstica com o intuito de instigar os pais a estarem mais abertos à escuta, à compreensão, ao apoio, aos interesses e propostas trazidas pelas crianças e adolescentes.

O projeto articula 140 crianças e adolescentes e famílias das comunidades da Vila 27 de Abril e Portelinha (no Ibura) com a perspectiva de enfrentar a violência doméstica e comunitária.

Com facilitação da psicóloga e educadora Mana Duarte,  40 mães, pais e responsáveis formaram quatro grupos de 10 pessoas para jogar a Gincana do Afeto cujas famílias vencedoras ganham em convivência familiar. Entre jogos para assistir um filme e registrar o momento; contar um caso de superação na famílias através de uma foto; construir um quebra-cabeça e responder o jogo da forca, a metodologia das tarefas buscou integrar os grupos com os respectivos filhos e com a comunidade.


Junto com a confraternização de encerramento das atividades que acontece sexta (22/12), todas as famílias receberão um Calendário 2018 com os desenhos dos filhos que participaram da Ação de Grafitagem (Etapas/KNH/Cores do Amanhã) que estampa as paredes do Conselho de Moradores da Vila 27 de Abril – Ibura.


Com o objetivo de enfrentar a violência doméstica e comunitária por meio do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e do desenvolvimento emocional/afetivo e social das crianças e adolescentes, a Etapas – a partir do projeto “Mais proteção, Menos Violência” (Etapas/ KNH) – envolveu cerca de 150 meninos e meninas de duas comunidades carentes do Ibura em oficinas temáticas e lúdicas para possibilitar a construção do pensamento crítico, experimentação e as possibilidades criativas da infância.

A oficina lúdica de teatro para crianças de 6 a 11 anos facilitou – na prática – a compreensão do protagonismo de crianças e adolescentes no enfrentamento da violência doméstica e comunitária.

A oficina temática de Gênero e Sexualidade – destinada aos adolescentes de 12 a 16 anos – facilitou reflexões sobre relações abusivas entre meninos e meninas, violência entre pares, violência doméstica, a violência comunitária em forma de assédio e abuso contra ambos os sexos, e a prática da solidariedade entre meninas.  
         
O educador social do “Mais Proteção, Menos Violência”, Cristiano Ferreira, diz que as oficinas possibilitaram a percepção das crianças e adolescentes sobre o corpo “como algo que deve ser protegido e não violado”, a voz, “como uma ferramenta de potência, que deve se fazer ouvir”, a escola como um espaço de debate e acolhimento para um diálogo horizontal.

Ao final de cinco semanas da oficina de teatro, será produzido um fanzine. Segundo Cristiano, uma ideia que está sendo elaborada e amadurecida, é a de um mobilizar um grupo de meninas para discutir sobre feminismo e formas de enfrentamento ao machismo e suas ramificações. “Dá muito orgulho perceber que meninas de 12 a 16 anos estão caminhando para um empoderamento e solidariedade entre si”, avalia o educador.

Os problemas estruturantes da sociedade ligados as violências de gênero, raça e sexualidade e as desigualdades que interferem na infraestrutura urbana (emprego, moradia, saúde, educação, lazer, mobilidade, segurança e outros) são fatores que moldam a educação familiar. A violência de Estado que banaliza a criminalidade – principalmente com a população jovem, pobre e negra – precariza os serviços públicos e contribui para a opressão nas relações de classe, de gênero e domésticas são realidades com as quais as famílias do Ibura convivem cotidianamente.

Com a perspectiva de desnaturalizar a violência doméstica a partir do exercício do diálogo, da tolerância e do afeto, mães, pais e responsáveis de cerca de 240 crianças e adolescentes de duas comunidades do Ibura, beneficiários do projeto “Mais Proteção, Menos Violência”, são mobilizados pela Etapas para compartilhar experiências sobre conflitos familiares, debater sobre violações de direitos e construir novas práticas de educação familiar.

As reuniões acontecem – há cerca de um ano – mensalmente na Associação de Moradores da Vila 27 de Abril com cerca de 50 famílias da Vila 27 de Abril e Portelinha. A atividade divide grupos de discussão para expressão das vivências na comunidade, no âmbito familiar, da participação das crianças na escola, no projeto e na vida em comunidade.

Segundo a coordenadora do projeto, Isabela Valença, os encontros buscam focar na sensibilização à tolerância e escuta de mães e pais para filhos.  

Para o educador, Cristiano Ferreira, é perceptível a evolução das crianças. “Elas melhorara a responsabilidade com os estudos escolares, assim como crianças com uma a compreensão e cuidado com o grupo, confiança e afetividade, norteando relações afetivas mais elaboradas e com foco no coletivo e não apenas no individual”, afirma.

O “Mais proteção, Menos Violência” é uma articulação entre a Etapas e a Kindernothilfe – Alemanha.

inscrições-KNH-20-52

Na perspectiva de garantir o direito ao lazer das crianças e adolescentes nos espaços públicos com pouca ou nenhuma oferta de infraestrutura desportiva e cultural no Recife, a Etapas promoveu, na última sexta-feira (20-5) um dia de atividades recreativas para crianças e seus familiares no entorno da Associação Comunitária de Vila 27 de Abril – Ibura.  A ação faz parte de um cronograma de atividades lúdicas para mobilizar os moradores das comunidades Vila 27 de Abril e Portelinha na inscrição de meninos e meninas dos 6 aos 15 anos no projeto “Mais Proteção, Menos Violência” (Etapas/KNH).

O projeto prevê a participação de 240 crianças e adolescentes em atividades formativas, culturais e recreativas durante cinco anos.

Mais proteção, menos violência

Após um ano de estudo de caso – envolvendo pesquisas em fontes secundárias e formação de grupos para escutar crianças, adolescentes e famílias das comunidades situadas nos municípios de Recife (Vila 27 de Abril) e Jaboatão dos Guararapes (Portelinhas) – a Etapas verificou que crianças e adolescentes somam 15.293, 15,32% do total (cerca de 59 mil habitantes) de moradores e constatou que a “cultura da palmada e da punição” está presente nos lares como forma de incuti-la ou mesmo preservá-la. Assim como a violência comunitária tem aumentado, resultante do tráfico de drogas nas comunidades e do próprio assédio que ela traz – sendo potencializado pela precarização da infraestrutura urbana e falta de espaços de cultura e lazer.

O projeto visa incentivar o protagonismo de crianças e adolescentes na luta por direitos e transformação destas realidades acima apontadas, buscando a construção de um conhecimento que respeite a igualdade, o direito a experimentar e aprender e que favoreça o entendimento das responsabilidades deste público enquanto cidadãos.

A pretensão é envolver os Detentores de Deveres (famílias, organizações comunitárias e instituições públicas) para formar um Rede de Proteção atuante no enfrentamento à violência doméstica e comunitária.

Confira a galeria de fotos:

Aconteceu no último sábado (31/10), na comunidade do Pantanal, a Feira de Serviços Comunitários do projeto Sistema de Vínculos Solidários (SVS), realizada pela Etapas em parceria com a Federação Ibura-Jordão (FIJ) e apoio da ActionAid, cujas ações educativas e recreativas envolveram crianças, famílias, líderes comunitários e voluntários num momento de construção coletiva de solidariedade, buscando fortalecer a luta política da comunidade que há 23 anos ocupa o bairro do Ibura-Jordão.

Equipe Etapas, parceiros e voluntários reunidos em clima de solidariedade
Equipe Etapas, parceiros e voluntários reunidos em clima de solidariedade / Foto: Péricles Chagas (Gambiarra Imagens)

O Pantanal é uma comunidade que sofre ainda mais com a precariedade dos serviços públicos por estar situada na divisa entre Recife e Jaboatão (parte da população está desassistida pelos serviços básicos de saúde, educação, saneamento e etc, porque os órgão municipais deixam de assumir a responsabilidade para com a função social da cidade).

Arte Feira Pantanal - Face e InstagramHá nove anos, o SVS atua em 11 comunidades do Ibura-Jordão, através do apadrinhamento de crianças, com o objetivo de contribuir para a melhoria das condições de habitalidade no território, na perspectiva de fortalecer a luta pela Reforma Urbana. A Etapas, cabe articular atividades de coleta de mensagens, oficinas de formação em cidadania e assessoria às lideranças comunitárias – filiadas a FIJ – no diálogo com as esferas do poder público. A FIJ cabe articular reuniões com moradores e representantes públicos, assim como realizar mobilizações sociais em prol da luta por qualidade de vida na cidade.

Para o vice-presidente da Associação de Moradores do Pantanal, Élisio Nunes, mais conhecido com Irmão Élio, a atuação da Etapas e FIJ no território é importante para dar visibilidade aos problemas da comunidade, assim como garantir atividades de formação e lazer para os moradores. “O projeto trouxe mais opções de lazer para as famílias daqui e está conseguindo retirar as crianças de situações de violência nas ruas”, afirma. “Com a realização da Feira de Serviços, a gente consegue mobilizar mais moradores e desperta o interesse da população para lutar por nossos direitos de cidadãos”, completa.

O SVS abarca cerca de 200 crianças no Pantanal e tem mais de 1 mil inscritos entre as comunidades da UR1 – UR2 – UR5 -UR10 – UR12 – Pantanal – Três Carneiros – Zumbi do Pacheco – Vila 27 de Abril – Jardim Monte Verde e Milagres.

A mãe e voluntária, Karla Jéssica, vê no SVS uma oportunidade de desenvolvimento para suas filhas/ Foto: Péricles Chagas (Gambiarra Imagens)
A mãe e voluntária, Karla Jéssica, vê no SVS uma oportunidade de desenvolvimento para as crianças do Ibura/ Foto: Péricles Chagas (Gambiarra Imagens)

A dona de casa, Karla Jessica (23), é mãe de duas crianças assistidas pelo SVS, Kelen Vitória (5) e Raíssa Nathalia (8), e atua como voluntária na organização dos eventos do SVS no Pantanal. “Minha satisfação é ver as crianças desenvolvendo as habilidades de leitura e escrita e estarem, ao mesmo tempo, se divertido”, aponta.

Na Feira de Serviços foram oferecidas atividades de recreação para as crianças (com direito a pipoca e algodão doce), oficina de pintura em tecido e palestra temática sobre as relações de gênero para as mães.

Segundo o pedagogo e coordenador do projeto, Pedro Ribeiro, o impacto que o trabalho do SVS causa no território pode ser percebido quando se vê a mobilização voluntaria de pessoas para construção coletiva dos eventos comunitários e pelo aumento da procura das famílias para inscrever suas crianças.

Sistema de Vínculos Solidários

slide-feira-de-serviços-pantanal2
Crianças usam a criatividade para impressionar os destinatários / Foto: Juliana Ribeiro (Comunicação Etapas)

A coleta de mensagens é o primeiro passo para o processo de apadrinhamento que desencadeia a mudança na qualidade de vida dos moradores do Ibura-Jordão.

Uma criança/adolescente (3 a 18 anos) é apresentada a um doador estrangeiro através do envio de uma foto junto com um desenho e alguns dados de sua rotina. Essa carta é coletada pela Etapas e enviada pela organização internacional ActionAid.

A partir deste projeto, que já dura nove anos, a Etapas atua na assessoria às lideranças comunitárias do território do Ibura que estão filiadas à Federação Ibura-Jordão, na busca pelo empoderamento de cidadãos esclarecidos sobre direitos para lutar por questões que envolvem a democratização do uso do solo e a garantia de serviços públicos de qualidade.

Para realização das atividades e eventos, o projeto conta com a parceria de gestores públicos, comerciantes locais e voluntários que formam uma verdadeira rede de Vínculos Solidários.

Os impactos dos anos de atuação são mensurados a medida que as intervenções da FIJ junto ao poder público são atendidas e que favorecem, além das famílias participantes, os moradores de todo o bairro. Uma das conquistas materiais do projeto foi a compra da sede da FIJ – onde acontecem as reuniões de avaliação, planejamento e monitoramento das ações dos líderes comunitários, bem como as oficinas e cursos para os moradores da região.