Por Juliana Ribeiro (Etapas)

“Conhecimento é cuidado” afirma a psicóloga e professora Jesus Moura. Ela continua: “O saber, o acessar, o conhecer as coisas, fazem as pessoas se tornarem humanizadas. Cuidar da saúde mental é conhecer: o que provoca doença mental em mim e no outro? O que provoca dor e sofrimento em mim e no outro?”

Segundo a professora, a partir do momento que o indivíduo compreende que aquilo que ele sente é porque as pessoas estão o descriminando, ele tem uma forma de reagir. Então, ele pode se cuidar. Mas, se o indivíduo não sabe e acha que a descriminação é culpa dele, ele vai continuar doente.

“O conhecimento é importante para saber se defender e saber evitar de fazer alguém sofrer”, conclui Jesus.

Seminário reúne rede de profissionais da saúde, educação e assistência para pensar na promoção de saúde mental para adolescentes e jovens (Foto: Juliana Ribeiro- Etapas)

A partir da Agenda Cidade Unicef, a Etapas realizou o seminário “Promoção de saúde mental de adolescentes e jovens: Interseccionalidades do Cuidado”, nesta terça-feira (30/4), no Compaz Professor Paulo Freire, para profissionais da rede da Educação, Saúde e Assistência Social que atuam com adolescentes e jovens no Ibura.

Psicóloga e Professora, Jesus Moura (Foto: Juliana Ribeiro – Etapas)

A formação, que teve como facilitadora a psicóloga Jesus Moura, fomentou o conhecimento e estimulou a sensibilidade sobre a promoção em saúde mental de adolescentes e jovens a partir da interseccionalidade do cuidado.

O que é interseccionalidade?

Segundo Kimberlé Crenshaw, a interseccionalidade “visa explicar a inseparabilidade estrutural do racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado, bem como as articulações decorrentes daí, que imbricadas repetidas vezes, colocam as mulheres negras mais expostas e vulneráveis aos trânsitos das estruturas”.

A sensibilização no seminário passou pela definição de racismo estrutural, dinâmica de auto identificação-autocuidado, reflexão sobre raça e classe social, definição de gênero, dinâmica de preconceitos através de falas pejorativas.

Vídeo: Entenda o que é RACISMO ESTRUTURAL! – Canal Preto
https://www.youtube.com/watch?v=lryL8ZAMq-E

Para saber:

Sexo Biológico tem a ver genitálias/ cromossomos

Gênero é a maneira como a pessoa se sente e se percebe

Orientação Sexual é a atração que se sente por outros indivíduos

Cisgenero: a pessoa se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento

Transgênero: a pessoa que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento

Travesti: identidade de gênero feminina

Como isso implica na saúde mental de adolescentes e jovens?

A psicóloga Renata Farias reflete que na interseccionalidade existem formas diferentes de opressões e privilégios na vida de adolescentes e jovens e isso vai ditar as experiências.

“Gênero, classe e raça pode atravessar o acesso à educação, a oportunidade de emprego, a descriminação (bullying), a saúde mental”, afirma Renata.

Ela diz que “na perspectiva do acesso à educação, podem existir obstáculos financeiros. Na descriminação pode existir a questão do bullying (a depender da maneira como a escola organiza, puna ou cuide dessas questões). Quando não consegue acessar um emprego por ser mulher e por ser negra. No acesso à saúde mental, tem às questões das barreiras e estigmas, que muitas vezes as travestis e pessoas transgênero enfrentam”.

Para Jesus, as pessoas precisam se apropriar de cada um desses elementos que são os marcadores de vulnerabilidades sociais: raça, classe, gênero e ter uma ação política dentro da sociedade.

Equipe Etapas, Jesus Moura e alunas do curso de psicologia da Fafire, ocupando o Compaz Paulo Freire/ Ibura com a pauta da saúde mental (Foto: Mariana – Unicef)

O seminário faz parte da parceria Unicef e Etapas, que tem atuações sistemáticas no Ibura, através da Agenda Cidade Unicef, na qual a Etapas assume a função de implementadora dos eixos de Engajamento de Adolescentes, Inclusão Sócio Produtiva e Saúde Mental.

A Etapas vem realizando ações de promoção em saúde mental de crianças adolescente, jovens, mulheres e cidadãos do Ibura. Seja enfrentando violência de gênero, racismo, racismo ambiental. Com formação política, incentivando a prática do brincar, com rodas de cuidado, fortalecendo a cultura, esporte, lazer e pontos de cuidado como praças e Unidades Básicas de Saúde.

Texto: Aline Vieira Costa
Fotos: Micaella Pereira

Cerca de 50 jovens do projeto Meninas em Movimento participaram de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco e da marcha que marcaram o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, neste 18 de maio, no Recife. Ao fim da caminhada, foi entregue uma carta destinada à governadora Raquel Lyra, cobrando a garantia dos direitos infanto-juvenis.

As adolescentes tiveram a oportunidade de fazer intercâmbio com outros grupos de mulheres e de levar a campanha “Todas Juntas Vencem” para as ruas, junto a parceiras de causa, como as campanhas “Oxente Pernambuco! Faça Bonito contra o abuso sexual de crianças e adolescentes” e “#NãoEraCarinho!”. O Meninas em Movimento é realizado pela ActionAid em sete territórios pernambucanos, com a parceria das organizações locais Casa da Mulher do Nordeste, Centro das Mulheres do Cabo e Etapas, com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal.

Neste ano, o 18 de Maio marca os 50 anos do assassinato de Araceli Cabrera, vítima de um estupro fatal aos 8 anos, crime que ficou impune no Espírito Santo. O “caso Araceli” deu origem à lei 9.970, de 2000, que instituiu a data simbólica para o combate ao abuso e à exploração sexual contra crianças e adolescentes. De lá para cá, a caminhada foi longa e ainda é árdua. Por isso, as meninas foram às ruas de Recife e aos centros do poder estadual para pressionar o governo de Pernambuco pela retomada da elaboração do Plano Estadual de Enfrentamento à Violência Sexual, que se encontra paralisado.

Elas também participaram de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), parte da programação do 18 de Maio promovida pela Rede de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes em Pernambuco, a ONG Grupo Curumim e a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Participação Popular da Alepe (CCDHPP). A audiência contou com a participação de representantes do governo e da sociedade civil.

‘É uma experiência única’

Entre explanações sobre os desafios enfrentados pela rede de proteção e as denúncias sobre corte de verbas voltadas para o tema, as integrantes do Meninas em Movimento ouviram relatos de outras adolescentes e se sentiram representadas por elas. Taciana, de 13 anos, de Suape, disse que ficou impressionada com a programação, que incluiu dança e poesia, manifestações artísticas que chamaram a atenção de quem passava em frente à Alepe.

“Estou muito encantada com isso tudo, estar fazendo parte de uma luta que foi feita para mim, para nós, mulheres, é uma experiência única. Acho que todas as meninas que passaram por aqui vão deixar sua marca registrada de alguma forma ao longo dos anos no futuro”, celebra Taciana.

Durante a passagem delas pela Alepe, houve distribuição de material informativo da campanha “Todas Juntas Vencem”, tais como panfletos, botons e adesivos. Em seguida, as meninas saíram às ruas do Centro do Recife em caminhada com destino ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, onde uma representação dos movimentos entregou uma carta. Elaborado pelas instituições da sociedade civil que compõem a Rede de Enfrentamento e direcionada à governadora Raquel Lyra, o documento tem objetivo de apresentar pontos importantes para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes em Pernambuco.

Atividades fortalecem fala pública das meninas

De acordo com a psicóloga Hyldiane Lima, que atua como articuladora e mobilizadora do Meninas em Movimento nos territórios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, levar as meninas para os atos do dia 18 de maio foi uma forma de incentivar a participação delas nas ações de advocacy, na militância e na luta em defesa dos direitos. Elas puderam fortalecer sua fala pública em temas abordados ao longo de quase dois anos de projeto, como violências sexuais e direitos das crianças e dos adolescentes.

“Levar as adolescentes para participar dessas duas grandes ações, que foram pensadas, articuladas, organizadas e realizadas a muitas mãos, é uma maneira de as meninas vivenciarem tudo o que trabalhamos como conteúdo no projeto. Além disso, é uma oportunidade de divulgarem a Campanha Todas Juntas Vencem, e de fazermos com que elas reflitam que será a muitas mãos que um dia, quiçá, iremos minimizar os atos de violação sexual de crianças e adolescentes”, ressalta a psicóloga, que também faz parte da coordenação da Rede de Enfrentamento em Pernambuco.

Jovem relembra crime impune que instituiu a data

Moradora de Gaibu, também no Cabo de Santo Agostinho, Sandy Helena, de 15 anos, não sabia que ela e outras meninas tinham tanto lugar de fala e força para atuar no enfrentamento à violência e ao abuso sexual. Aprendeu no Meninas em Movimento a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do 18 de maio. Foi no projeto que descobriu a vocação para ser advogada.

“Quero defender nossos direitos, de mulheres, crianças, adolescentes, e quero conscientizá-los a buscarem seus lugares de fala, o poder que têm junto à sociedade”, conta. “Araceli foi uma criança que sofreu bastante, teve sua vida totalmente violada e, depois de 50 anos, o caso segue totalmente impune. E isso acontece com várias meninas abusadas e assediadas, que geralmente se calam por ter pessoas que as ameaçam e que têm grande influência [sobre elas]. Por isso, é muito importante a gente saber sobre nossos direitos”, ensina Sandy.

E só o conhecimento sobre os direitos torna possível cobrar a garantia deles. Foi o que fizeram as meninas no ato. “Façam bonito! Vocês falam bonito, agora quero ver vocês botarem em prática tudo isso que falam. Vocês, que digo, são todas as pessoas que fazem parte do projeto, cada projeto, e, principalmente, as pessoas que estão na política. Falam bonito, que vão entregar aquilo e não entregam, estão colocando em risco nossas vidas, então, por favor, eu quero que vocês coloquem em prática tudo isso que estão falando sobre proteção de crianças e adolescentes!”, cobra Taciana.

Saiba mais sobre o projeto Meninas em Movimento
www.actionaid.org.br/meninasemmovimento

Chuva no Recife (Reprodução – Redes Sociais)

Texto: Juliana Ribeiro (Etapas)

Desde às chuvas de maio de 2022 (maior catástrofe natural do século 21 em Pernambuco), a população recifense, principalmente moradores de periferia, vivem assombrados com a possibilidade de chuvas intensas no Estado. O que está acontecendo com o clima? Quais os impactos das mudanças climáticas? Por que as mudanças climáticas afetam desastrosamente a população periférica? Quais as possíveis soluções para diminuir os eventos extremos? Quais as responsabilidades do poder público?

Entrevistamos a facilitadora do Greenpeace Recife, pesquisadora pela união europeia, membra da comissão e refúgio da OAB PE, Camila Silva dos Santos, para entendermos essas questões.

Listamos algumas soluções socioambientais para o clima e eventos extremos no Brasil e na Região Metropolitana do Recife, algumas responsabilidades do poder público e soluções trazidas por jovens moradores do Ibura que participaram da Oficina sobre Mudanças Climáticas e Racismo Ambiental – Como Afetam a Região Metropolitana do Recife? promovida pela Etapas, com apoio de ActionAid e Bröt com facilitação do GreenPeace Recife, no mês de abril de 2023.

Etapas: O que está acontecendo com o clima? E quais os impactos dessas mudanças climáticas?

Camila: As mudanças climáticas são um processo natural da terra. É comum que a cada processo geológico, a gente tenha mudanças climáticas. A partir da revolução industrial, houve um processo de aceleração das mudanças climática por causa da poluição, do desenvolvimento industrial e da aceleração do capitalismo. São exemplos de aceleradores das mudanças climáticas: o desmatamento da Amazônia, a exploração de muito minério que ocasionou a tragédia da Vale- em Brumadinho (MG), a poluição dos oceanos, a pecuária que retira a floresta para fazer o pasto e acaba não tendo uma regeneração do ambiente, a exportação de madeira que não pensa em regenerar o lugar que foi degradado.

Os impactos das mudanças climáticas em curto prazo são o que vimos acontecer em maio 2022, chuvas torrenciais, alagamentos e mais de 100 óbitos na Região Metropolitana do Recife, dos quais a maioria estavam no Ibura.

Etapas: Por que as mudanças climáticas afetam desastrosamente a população periférica?

Camila: Os moradores de áreas periféricas (pobres, negros) são os mais afetados com as chuvas porque o governo pensa e gera soluções para as zonas elitizadas da cidade. As zonas de morro (zonas baixas com pontos alagáveis) que têm muitas enchentes e deslizamentos de morros não são vistas como prioridade. Daí vem o termo *Racismo Ambiental.

*Racismo ambiental é a discriminação racial na elaboração de políticas ambientais, na aplicação de regulamentos e leis, e no direcionamento deliberado de comunidades negras para instalações de lixo tóxico, com risco de vida em nossas comunidades e a exclusão de negros da liderança dos movimentos ecológicos.

Etapas: Quais as possíveis soluções para diminuir os eventos extremos?

Camila: Em recife temos uma *biodiversidade muito rica que é o mangue. O mangue é uma das vegetações que mais sequestra carbono na natureza. Ampliar as zonas de mangues ajudaria a diminuir a temperatura e o ambiente não ficaria tão quente, porque o mangue tira CO² da atmosfera, e suas raízes filtram muita água, com isso evitaria alagamentos.

Precisamos retomar o curso dos rios – como o Rio Tejipió, o Rio Beberibe e o Capibaribe. Quando os rios recuperam o curso natural eles param causar pontos de alagamentos /lixo e param de ser problemas para cidade. Precisamos criar sistemas de drenagens mais eficientes pela cidade.

A gente consegue diminuir o agravamento das mudanças climáticas com a regeneração da Amazônia, a regeneração de locais que as *biodiversidades foram perdidas. Isso só acontece se a gente tiver uma união do governo com políticas públicas específicas, a sociedade civil cobrando o governo e as universidades gerando pesquisas. Uma solução a longo prazo seria criar um laboratório climático.

*Biodiversidade
A biodiversidade, ou diversidade biológica, é o conjunto de todos os seres vivos existentes, o que inclui todas as plantas, animais e microrganismos da Terra. É justamente essa diversidade e a interação entre as diferentes espécies que torna nosso planeta habitável. (Fonte: GreenPeace Brasil)

Etapas: Quais as medidas que os governos precisam tomar?

Camila: O poder público precisa colocar a pauta socioambiental como prioridade. Precisa criar políticas públicas para os locais de morro e pontos de alagamento.
Precisa investir em pesquisa. Precisa capacitar pessoas que estão em pontos de riscos: criar uma população com maior entendimento socioambiental para que entendam que a preocupação com o meio ambiente faz parte da vida dela.

A medida que as cidades foram avançando a gente foi perdendo a flora (arvores) e a fauna (animais). Precisamos recuperar as biodiversidades dos biomas brasileiros (Cerrado/ Amazônia / Caatinga/ Pampa / Pantanal).

Precisamos falar sobre a importância da restinga: “aquele mato que fica na areia da praia impede o avanço do mar. Não pode ser retirado da areia. ”

O governo precisa tentar compreender com pesquisadores como podem melhorar as regiões. Nossa luta não é só para recuperar a biodiversidade, mas evitar que as pessoas morram no período chuvoso.

Cerca de 25 adolescentes e jovens moradores do Ibura participaram da Oficina sobre Mudanças Climáticas e Racismo ambiental – Como Afetam a Região Metropolitana do Recife?, promovida pela Etapas, com apoio de Bröt (Pão Para o Mundo) e ActionAid e facilitação do GreenPeace Recife, no mês de abril de 2023. A oficina faz parte do projeto “Jovens e Mulheres protagonistas pelo Direito à Cidade e Políticas Públicas” com o objetivo de promover formações e incidência política nas questões de meio ambiente e direito à cultura e ao lazer.

A facilitadora do GreenPeace, Camila Silva, trouxe as questões levantadas nesta entrevista para o grupo. A dinâmica do exercício trouxe as soluções dos jovens para o próprio território sobre Governança, Pessoas e Meio Ambiente:

Soluções dos adolescentes do Ibura

Governança:

• Criação de reuniões com as pessoas do bairro e o poder público (prefeito e governadora)
• Visita do poder público as localidades
• Criação de comitês para atendimento das demandas da comunidade

Pessoas:

• Organização de mutirões de limpeza
• Realização de outra oficinas, como a que eu fiz com eles, com frequência
• Reunião das pessoas afetadas para fazer estratégias de diálogo com o poder público

Meio Ambiente:

• Criação de um projeto para arrecadação de materiais recicláveis, para mães desempregadas da comunidade trabalharem com esses materiais. Gerando assim a sua fonte de renda
• Distribuição de ponto de coleta de recicláveis para a comunidade

• Oficina ensinando a fazer objetos para venda com materiais recicláveis
• Plantio de árvores
• Oficinas falando sobre o meio ambiente para a comunidade

O evento lotou o auditório do Hotel Jangadeiro (Boa Viagem), com mais de 150 pessoas entre gestores públicos, lideranças comunitárias, estudantes, pesquisadores, organizações da sociedade civil, parceiros e parceiras de longas datas da Etapas. Foi um dia histórico, assim como a luta da Etapas pelo direito à cidade no Recife.

Auditório do Hotel Jangadeiro lotado com resistências, lutas e afetos (Foto: Edinho Moraes – TV Viva)

Etapas comemora 40 anos de trabalho nas comunidades do Recife, na luta por direitos e conquistas de políticas públicas! Para celebrar e debater os temas dos programas e projetos da Instituição, foi realizado no último dia 19 de abril, no Hotel Jangadeiro (Boa Viagem), o Seminário Etapas 40 anos – Construindo Direitos Na Cidade Que Queremos, com debates sobre as realidades, desafios e potencialidades para o trabalho com crianças e adolescente, os desafios e demandas das juventudes de Pernambuco, a comunicação e a cultura como ferramentas na consolidação da democracia, e a luta para viver na cidade que queremos.

O Seminário lotou o auditório do Hotel Jangadeiro (Boa Viagem), com mais de 150 pessoas entre gestores públicos, lideranças comunitárias, estudantes, pesquisadores, organizações da sociedade civil, parceiros e parceiras de longas datas da Etapas. A programação contemplou um dia inteiro de atividades, de 8h Às 19h, com café da manhã, debates, reflexões, aprendizados, almoço, confraternização e afetos.

A abertura do seminário foi realizada pelo Afoxé Omô Nilê Ogunjá (grupo do Ibura), com muita cultura, música e dança afro.

Em seguida, a Equipe Etapas se apresentou e foi aplaudida. A Equipe 2023 é composta por Isabela Valença, Neide Silva, Vaneide Lima, Cristiano Ferreira, Juliana Ribeiro, Léia Souza, Suzana Santos, Renata Farias, Malene Muniz, Maria Paula Campelo, Denise Ernesto, , Aline Viana, Henrique Rafael, Lourdes Galvão, Josiane Ventura.

Equipe Etapas 2023 (Foto: Edinho Moraes/TV Viva)
Conselho diretor, Federação Ibura-Jordão e Unicef Brasil fazem saudações à Etapas

Alguns representantes do conselho diretor da Etapas, assim como as organizações parceiras Federação Ibura-Jordão (FIJ) e Unicef Brasil foram convidadas a fazer uma saudação para Etapas.

A primeira mesa de debates foi composta por Eduardo Paysan (Advogado – Especialista em Direitos Humanos, Mestre em Serviço Social), Alícia Patrícia e Gabriel Silva (Estudates e participantes do projeto “Nenhum Direito a Menos, Mas Todos os Direitos” – Etapas/KNH). Os adolescentes trouxeram experiências da realidade vivida no território do Ibura e o advogado falou da militância e na luta pelo direito de crianças e adolescentes.

O sociólogo e professor da Universidade do Vale do Rio São Francisco, Marcílio Brandão, e o coordenador da Região Metropolitana do Fórum de Juventudes de Pernambuco (FOJUPE), Daniel Santos, trouxeram as experiências na militância da luta pelo direito das juventudes na segunda mesa de debates.

A terceira mesa foi composta por Yane Mendes – (Cineasta Periférica e Coordenadora da Rede Tumulto) e Catarina de Angola (Idealizadora e Diretora Executiva da Angola Comunicação) que trouxeram contribiições a partir da luta pelo direito à comunicação e da comunicação nas favelas.

A quarta e última mesa foi composta por Avanildo Duque (Ativista da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação) e Sarah Marques (Cofundadora do Coletivo Caranguejo Tabaiares e Educadora Popular) que contribuíram com reflexões a partir da militância pelo direito à cidade.

Foi um dia histórico, assim como a luta da Etapas pelo Direito à Cidade no Recife.

Na ocasião houve o lançamento do vídeo Etapas 40 anos com relatos das pessoas que já passaram ou estão nos projetos da Etapas.

Confira a galeria de fotos:

Dezenas de jovens participantes do projeto Meninas em Movimento ocuparam ruas da Região Metropolitana do Recife durante os atos do 8 de março pelo Dia Internacional da Mulher. As adolescentes de diferentes territórios se reuniram nas principais manifestações locais para divulgar a campanha “Todas Juntas Vencem”.

Texto: Aline Vieira Costa
Fotos: Ivan Melo

Dezenas de jovens participantes do projeto Meninas em Movimento ocuparam ruas da Região Metropolitana do Recife durante os atos do 8 de março pelo Dia Internacional da Mulher. No Recife e no Cabo de Santo Agostinho, adolescentes de diferentes territórios se reuniram nas principais manifestações locais para divulgar a campanha “Todas Juntas Vencem”, que busca empoderar meninas e mulheres para o enfrentamento à violência e à exploração sexual de crianças e adolescentes.

O projeto é uma realização da Actionaid em parceria com as organizações Casa da Mulher do Nordeste (CMN), Centro das Mulheres do Cabo (CMC) e Etapas, com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

No Recife, as meninas dos territórios do Ibura e Passarinho participaram da marcha que partiu do Parque Treze de Maio, no Centro, e se dirigiu ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, com o objetivo de levar reivindicações de mulheres pernambucanas em um documento chamado “Manifesto Feminista 8M”.

O foco de atuação das meninas do Ibura junto com a Etapas foi na concentração do público no parque. Lá, as elas confeccionaram cartazes, se dividiram em pequenos grupos e fizeram as atividades de multiplicação da campanha, divulgando informações sobre prevenção e meios de fazer denúncias.

“Elas também fizeram registros em foto e vídeo para compartilharmos internamente a experiência da abordagem, entendermos o conteúdo repassado e como as pessoas estavam recebendo. Isto para que elas aproveitem ao máximo e nós verifiquemos a apropriação do conteúdo pelas meninas, a multiplicação e a reação do público”, explicou a educadora social Suzana Santos, da Etapas.

Adolescentes elogiam encontro com feministas

Uma das participantes do projeto, a adolescente Yasmin, 15 anos, do Ibura, ficou feliz por poder passar adiante o que aprendeu sobre direitos e cidadania no Meninas em Movimento. Segundo ela, a conversa com outras mulheres que participaram da marcha foi uma ferramenta para ajudar quem está passando por uma situação de abuso ou violência sexual e não sabe como se proteger.

“Está sendo muito legal participar de uma campanha que não tem só eu, mas várias mulheres falando sobre a mesma coisa e que estão me apoiando e eu de alguma forma estou apoiando também”, relatou. Deborah, 14 anos, do mesmo território que Yasmin, estava na mesma sintonia. “Gostei porque consegui aprender mais, foi muito bom ouvir diferentes mulheres feministas sobre a realidade e a visão da função delas”, complementou.

Para a educadora social Anabelly Brederodes, da CMN, em Passarinho, foi muito gratificante poder proporcionar às meninas a primeira marcha de 8 de Março delas. “Elas ficaram bem abismadas com aquela diversidade de pessoas e de pautas políticas”. Entre as pautas que chamaram a atenção delas estavam, principalmente, as relacionadas ao corpo das mulheres, aos direitos sexuais e reprodutivos, à variedade de movimentos de mulheres e jovens negras e periféricas no centro, às mulheres no campo e às que lutam por moradia.

“Foi muito bonito elas dialogarem com outras parceiras de outras comunidades, e também a gente ampliar o nosso diálogo também para uma vida mais justa e acolhedora para meninos e meninas dentro das periferias. A partir da campanha foi possível alguns coletivos desejarem dialogar conosco e fazer intercâmbio entre jovens de bairros diferentes da Região Metropolitana do Recife. A gente já fez algumas articulações com os bairros de Joana Bezerra, Santo Amaro e Peixinhos, por exemplo”, exemplificou Anabelly.

Jovem mãe leva filho de 4 anos à marcha

Suzanna Mycaelly, 18 anos, esteve presente na caminhada representando o projeto e as meninas negras de Passarinho. Além de levar o propósito da campanha para outras pessoas e trocar experiência com outros projetos durante a manifestação, ela mostrou que marcha feminista também é lugar de mãe e de meninos:

“Trouxe meu filho de 4 anos para ele já ir aprendendo desde pequeno a não ser homem machista e saber que lugar de mulher é onde ela quiser”, comentou.

Uma das mulheres abordadas pelas meninas foi a advogada Valdete Lima, de 52 anos, que trabalha com o Coletivo de Mulheres em Jaboatão dos Guararapes. Para ela, a ação do Meninas em Movimento é fundamental em um país com números exorbitantes de assédio, violência sexual, feminicídio e transfeminicídio.

“É muito importante esse apropriar-se do nosso corpo, das nossas regras, e que as adolescentes entendam isso e percebam que elas podem fazer tudo o que elas quiserem, que não têm que seguir os ditames dessa sociedade ainda escravocrata, machista, sexista, que acha que lugar de mulher é na cozinha”, disse ela, parabenizando o trabalho.

Palestras em escola do Cabo de Santo Agostinho

No Cabo do Santo Agostinho, o Meninas em Movimento esteve presente não apenas nas ruas, mas também em ambiente escolar. A primeira ação foi uma atividade de multiplicação na Escola Técnica Estadual Luiz Alves Lacerda, onde houve duas palestras sobre o 8M e a divulgação da campanha “Todas Juntas Vencem” no laboratório e no auditório. Depois, as meninas foram para a concentração da caminhada, em frente ao Centro das Mulheres do Cabo, de onde partiram em marcha até a Praça da Estação, no Centro. Durante todo o percurso, as meninas tiveram a oportunidade de dialogar com a população e entregar panfletos da campanha falando sobre como evitar abusos.

As adolescentes estavam acompanhadas por mães, cuidadoras do ciclo de formação, mulheres das rodas de diálogo e ações de práticas integrativas e lideranças comunitárias, que são parceiras do projeto.

“O momento mais importante foi ver mulheres e meninas reunidas por um só propósito e aprender com elas a luta de cada uma. Também me tocou muito conhecer a história de uma mulher trans negra lutando pela comunidade LGBTQIA+”, contou Gabryelle, de Gaibu, feliz pelos direitos já garantidos e que estão a caminho de serem conquistados.

Saiba mais sobre o projeto Meninas em Movimento: www.actionaid.org.br/meninasemmovimento

Confira a Galeria de Fotos:

O evento marca o encerramento das ações da ONG em 2022. Entre os serviços estão orientação jurídica, atendimento psicológico, apresentações culturais e vacinação contra Covid-19 e Influenza

Afim de fortalecer a luta por direitos e marcar o encerramento das ações da Etapas em 2022, a Etapas promove sua Culminância Por Direitos, no próximo sábado (17/12), das 9h às 17h, na Escola Municipal Maria Sampaio de Lucena (UR-1), oferecendo serviços gratuitos para população.

O evento terá início às 9h com uma Roda de Diálogo Para Detentores de Deveres: uma conversa sobre atualizações, desafios e conjuntura das políticas públicas para crianças e adolescentes em Pernambuco com gestores públicos da saúde, educação e assistência social atuantes no Ibura.

A parte da manhã será facilitada pelo historiador e especialista em políticas públicas para crianças e adolescentes, Fernando Silva. Esta atividade faz parte do projeto “Nenhum Direitos a Menos, mas Todos os Direitos” (Etapas/KNH Alemanha) que tem o objetivo de fomentar e fortalecer uma Rede de Proteção para crianças e adolescentes no território do Ibura.

A partir das 13h, o evento é aberto ao público. Serão mais de 10 atividades simultâneas acontecendo na Escola Maria Sampaio. A oficina de percussão, o atendimento psicológico, a orientação jurídica e escovação dentária acontecerão nas salas de aula, enquanto a animação teatral, a recreação, a feira de artesanato, a distribuição de kits de higiene bucal e a vacinação contra covid-19 e influenza acontecerão no pátio.

O evento contará com apresentações culturais de artistas locais: Grupo de Dança Passistas Pequenas Estrelas de Três Carneiros e o Boi de Mainha do Jordão.

Confira a Programação:

Manhã (9h às 12h)

Roda de Diálogo Para Detentores de Deveres
Conversa com Fernando Silva (Historiador e Especialista em Políticas Públicas para Crianças e Adolescentes)

Tarde (13h às 17h)

– Oficina de Percussão
– Recreação
– Escovação Dentária
– Distribuição de Kits de Higiene Bucal
– Atendimento Psicológico
– Orientação Jurídica
– Feira de Artesanato

Apresentações Culturais (A partir das 17h)

– Grupo de Dança Passistas Pequenas Estrelas
– Grupo de Teatro/ Animação Cultural
– Boi de Mainha

Vacinação contra Covid-19 e Influenza (Obrigatório levar o cartão de vacinação)