Avanço do conservadorismo; fundamentalismo religioso; a incidência do HIV/AIDS influenciando no aumento da morte entre jovens; aumento da exploração sexual de adolescentes com a chegada das obras de infraestrutura; falta de políticas para juventudes do campo; desafios de manter a juventude organizada e empoderada; importância de pautar a luta das juventudes indígenas que sofrem com imposição de um fenótipo que não é necessariamente dos indígenas do Norte; as consequências do Porto de Suape, e outras obras que chegam deslocando comunidades na zona da mata, foram temas debatidos no Encontro Anual do Fórum de Juventudes de Pernambuco (FOJUPE) – que aconteceu de 23 a 25 de março, em Caruaru e reuniu jovens feministas, indígenas, estudantes, quilombolas, gays, travestis, negras(os), lésbicas, camponesas(es), antiproibicionistas se reuniram para planejar incidência política no estado de Pernambuco.
Como metodologia do FOJUPE, a mesa de debates escolhida pelos jovens foi formada pelo educador e coordenadordo Centro Sabiá, Alexandre Pires, pela educadora e ativista da Rede de Mulheres Negras, Mônica Oliveira (FASE-PE), e pela assessora do programa de Direito das Mulheres da ActionAid, Jessica Barbosa.
As negociações para privatizar o Aquífero Guarani (segunda maior reserva de água doce do mundo que se estende pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) foram trazidas por Alexandre, que ressalta ser “mais um dos retrocessos do governo Temer” – a discussão com transnacionais, como a Coca-Cola e a Nestlé para mudar a legislação e garantir aos conglomerados o direito exclusivo ao aquífero e à venda da água. “O vale do São Francisco em 2015, depois de seis anos de seca, aumentou em 50% a produção de frutas para exportação, enquanto comunidades que estão a 5km do São Francisco não têm uma gota de água. Estamos falando de um processo mais amplo, de retirada de direitos fundamentais”, alerta.
Para Mônica Oliveira, o contexto político do Brasil é de democracia impedida. “Precisamos localizar essa defesa da democracia no local onde estamos, porque a repressão avança nas ruas, nas redes sociais, inúmeros sujeitos políticos passam a expressar de maneira mais explicita seus machismos, racismos, lgbtfobia, o que tem fortalecido as violências”, abrange. O aumento de números de estupros, de assassinatos de mulheres transexuais, o extermínio da juventude negra, a política de drogas que acirra a violência, elimina ou encarcera os pobres e especialmente os/as jovens negros. A velocidade do desmonte de políticas como redução do bolsa família e revisão da política de cotas, também foram trazidas por Mônica.
“Essa quebra das políticas estudantis também são muito sérias, pois são elas que garantem a permanência dos estudantes de baixa renda nas universidade. O tempo todo a gente ouve que é a juventude negra é a mais atingida com o desemprego e perda dos direitos trabalhistas, isto é porque já somos maioria no mercado informal e isso vai ficar pior com aumento do subemprego. O país tá sendo vendido aceleradamente! Vendeu o pré sal e agora a água e o petróleo. E isso não é uma questão do rural, mas de todo mundo. Por outro lado nosso nome é resistência”, avalia.
As explanações de Jessica trouxeram à tona o projeto de dominação da política de direita no Brasil. “Antes o que ‘pegava’ era falar da corrupção, agora o inimigo é a violência, a direita está colando no discurso de Bolsonaro, e já existe um inimigo público que é a política de drogas. Se tivermos eleições (porque há uma ideia de que o Rio de Janeiro é um laboratório para uma intervenção em todo Brasil), é muito louco que Bolsonaro esteja crescendo em cima da juventude”, analisa.
Para Jessica, alguns dos desafios deste ano eleitoral são: Construir plataformas comuns a partir do lugar que queremos chegar. “Essa diversidade talvez seja uma das grandes riquezas do Fojupe”, Voltar para as bases/territórios e trazer as juventudes para esse projeto antirracista, anticapitalista e consolidar nossa autonomia.
As três grandes ações do FOJUPE planejadas para 2018 são: a incidência política nas ruas do Recife com o segundo ano do Ato “Agosto das Juventudes“, a contribuição no Encontro Nacional de Agroecologia (em Belo Horizonte) e ampliação da divulgação da lei federal 12.852/2013 do Estatuto da Juventude com a Campanha “Jovens Pelo Direito de Viver” nos territórios de Pernambuco e mídias digitais.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |